A nossa época evoluiu sob o impacte da ciência, da tecnologia e do pensamento racionalista, que tiveram origem na Europa setecentista e oitocentista. A cultura industrial do Ocidente foi moldada pelas ideias do Iluminismo, pelos escritos de pensadores que rejeitaram a influência da religião e do dogma, e que, na prática, queriam substituí-los por formas mais racionais de encarar a vida. (15)
Contudo, o mundo em que agora vivemos não se parece muito com aquele que foi previsto, nem o vemos como tal. Em vez de estar cada vez mais dominado por nós, parece totalmente descontrolado - um mundo virado do avesso. Além disso, algumas das razões que levaram o homem a pensar que a vida se tornaria mais estável e previsível, incluíndo os progressos da ciência e da tecnologia, tiveram por vezes efeitos totalmente opostos.(16)
O século XXI será o campo de batalha em que o fundamentalismo se vai defrontar com a tolerância cosmopolita. Num mundo em processo de globalização, em que a transmissão de imagens através de todo o globo se tornou rotineira, estamos todos em contacto regular com outros que pensam de maneira diferente, que vivem de maneira diferente. Os cosmopolitas louvam e adoptam esta complexidade cultural. Os fundamentalistas consideram-na perturbadora e perigosa. Quer se trate de religião, de identidade étnica ou de nacionalismo, refugiam-se numa tradição renovada e purificada, e, quantas vezes também, na violência. - Anthony Giddens (18), O Mundo na Era da Globalização