sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Leituras

Tecnofantasia Algo de estranho se anda a passar no blog de Luís Filipe Silva: surgem regularmente depachos noticiosos do futuro. Provocantes e suficientemente plausúveis para resistirem a leituras diagonais, tratam-se ficção científica de qualidade, na sua forma mais pura, de especulação informada sobre a sociedade contemporânea e os seus fluxos de evolução.

Guardian | Afghanistan risks becoming failed state, reports warn O estado-nação falhado, essa instituição moderna, irá acolher entre os seus membros mais um país, se não forem tomadas medidas urgentes de auxílio económico que passem não pelo despejar de fundos caritativos, mas sim pela implementação no terreno de projectos que assegurem a sobrevivência económica dos afegãos, diminuindo a tentação de talibanismos e tráfico de ópio, que no Afeganistão de hoje são o que oferece melhores garantias de estabilidade e prosperidade.

Globe and Mail | In mock disaster drill, bloggers threaten america A operação Cyber-Storm, um exercício multimilionário de treino de agências de defesa, simulou recentemente um exercício simulado da mais pura cyber-guerra, ou, se preferirem o termo, guerra em rede. Em vez de ataques militares precisos ou alargados, os agentes de segurança tiveram que obter e reagir a uma imagem precisa a partir de um conjunto de acontecimentos aparentemente desconexos que envolviam ataques informáticos a sistemas críticos, desinformação mediática, paralisações sistémicas nos serviços públicos, caos nos mercados financeiros e ataques terroristas pontuais. Guerra 2.0?

BBC | Euro MPs back patio heaters ban Neste mundo ameaçado pelo aquecimento global, assuntos tão pequenos como o uso de aquecedores no exterior ou o modo de stand-by nos televisores tornam-se suficientemente pertinentes para debate no parlamento europeu. Em proposta está uma regulamentação que irá proibir o uso de aquecedores de exterior, ou propostas de eliminar o modo de stand-by nos televisores, para melhorar a eficiência energética e diminuir a libertação de CO2 para a atmosfera.

SF Signal | Mind Meld: Which predictions did Golden Age science fiction get right & wrong? Se assumirmos que a FC, mais do que reflectir de forma imaginativa sobre os tempos contemporâneos, pretende prever o futuro, podemos elaborar questões desta estirpe. Olhando para o utopismo imaginativo da era dourada, a era de autores como Bradbury, Asimov, Campbell, Del Rey ou Sprague de Camp, quais foram as previsões acertadas, e quais as erradas? Bem, os nossos passeios espaciais resumem-se à órbita baixa, os impérios galáticos, independências marcianas ou colónias lunares estão atrasados nos prazos, as guerras nucleares que aniquilariam o planeta não se concretizaram, e... ainda não temos carros que voem ou jetpacks pessoais. Mas temos telemóveis e redes globais informáticas. O futuro é, por natureza, imprevisível. O real papel da FC é fazer-nos reflectir, extrapolando as tendências do presente, nos futuros possíveis.

Foreign Policy | Battlefield Earth Neste artigo, Jamais Cascio explora as implicações geopolíticas de uma das possíveis respostas aos desafios ambientais reside na geoengenharia, a manipulação intencional de sistemas ambientais, ecossistemas e sistemas geofísicos em larga escala, prevendo e provocando impactos ambientais. Existem já algumas propostas desta índole - o lançar para a atmosfera de partículas que bloqueiem a radiação solar, o sequestro de carbono sob os oceanos e mudanças na reflectividade da superfície terrestre. Por outro lado, a geoengenharia tem outros riscos: pode ser consciententemente utilizada por governos e organizações como arma, capaz de corromper sistemas climatéricos e provocar graves danos ambientais. Será a geoegenharia a bomba atómica do futuro?