sábado, 26 de janeiro de 2008

The Island of Lost Maps



Miles Harvey (2000), The Island of Lost Maps. New York: Random House

Miles Harvey

Olhar para um mapa antigo revela um fascínio por voos de imaginação. Os mapas antigos são relíquias de uma época em que o planeta ainda estava por desbravar, onde os mapas indicavam terras incognitas ou terras inexistentes. Os locais em branco eram verdadeiros vazios de conhecimento. Sem se saber o que existia nas terras desenhadas, as mais estranhas hipóteses eram imaginadas. Criaturas míticas, bizarrias monstruosas, cidades exóticas ocupavam os espaços de onde os exploradores ainda não haviam trazido notícia. Ou então os mapas transmitiam o fascínio e a estranheza da novidade do contacto dos exploradores europeus com as culturas indígenas das novas terras que se iam constantemente descobrindo.

Os mapas sempre foram importantes artefactos culturais. Mais do que repositórios visuais de conhecimentos geográficos, foram (e são) documentos passíveis de secretismo, cuja posse conferia aos seus donos vantagens comerciais, políticas e militares. O tráfico de mapas entre estados era crime punível com as mais altas penas.

Séculos depois, esses velhos mapas ainda nos fascinam, um fascínio que vai para lá da sua importância histórica, que ultrapassa o mero fascínio da beleza do mapa enquanto objecto artístico.

Em The Island of Lost Maps, o traçar dos percursos de uma estranha personalidade - a de um ladrão de mapas, especializado em fazer desaparecer mapas de livros raros consultados nas mais prestigiadas bibliotecas norte-americanas, para retratar uma estranha, curiosa e lucrativa comunidade: a dos coleccionadores de mapas, ardentes detentores das linhas geográficas traçadas em tempos de antanho.

The Island of Lost Maps é uma obra que funciona sobre três eixos - a da compreensão dos percursos e acções do ladrão de mapas, o do retrato de uma comunidade pouco conhecida, e também uma viagem pessoal do autor, que acaba por traçar neste livro um mapa de um percurso pessoal de descoberta.

É um livro curioso, particularmente para quem não sabia que o mundo dos mapas movimentava somas avultadas de dinheiro e contava com especuladores cujos escrúpulos residem apenas na necessidade de rigor histórico dos artefactos que vendem. O coleccionismo é um hábito estranho.