terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Day of the Dead
IMDB | Day of the Dead
Day of the Dead encerra a trilogia zombie de George Romero, iniciada com o lendário Night of the Living Dead e continuada com o irónico Dawn of the Dead. Dos três filmes, este é o mais violento, e o mais desesperadamente catastrófico, mais até do que o regresso políticamente carregado de Romero à sua mitologia zombie com Land of the Dead.
Day of the Dead explora a desagregação de um grupo de sobreviventes do apocalipse zombie, um grupo de soldados e cientistas isolados numa mina, rodeados por hordes de mortos-vivos. A missãoo inicial era a de procurar uma cura para o apocalipse, mas o isolamento e o horror que os rodeia leva-os à degradação de todas as relações e ao decair no caos.
Como todos os filmes de Romero, Day of the Dead funciona a dois níveis. Por um lado temos o filme de terror puro, com os ingredientes clássicos do melhor do género zombie, com uma generosa dose de efeitos gore. Dos filmes zombie de Romero, este é o mais sangrento, em alguns momentos verdadeiramente revoltante, o que atesta as capacidades de Tom Savini, mestre dos efeitos especiais.
O segundo nível reflecte a descrença de Romero na alma humana. Não há personagens perfeitos, sem defeitos. Os detentores do poder, militares de dedo fácil no gatilho, são brutos ignorantes susceptíveis a abusos de poder e que depressa se desagregam quando as coisas dão para o torto. Os cientistas perseguem cegamente a ciência pura, enquanto o mundo à sua volta mergulha no apocalipse. Exemplo máximo é Logan, mais velho dos cientistas, mistura de Dr. Frankenstein com Edward Teller e B. F. Skinner, capaz de levar a cabo as mais horríficas experiências enquanto tenta domesticar um zombie.
A desagregação é inevitável. Os zombies não são a maior ameaça. A escuridão da alma humana, a cobardia, a inveja, a brutalidade e a pura estupidez são vastamente mais mortíferas do que hordes de mortos-vivos sedentos de carne fremente.