BBC | Microsoft trials XP on XO laptop Uma notícia curiosa: a microsoft anta a testar uma portação do sistema operativo Windows XP para OLPCs XO (O XO, caso se perguntem, é um altamente icónico símbolo de uma criança). É, talvez, um reconhecimento tácito da importância do projecto do MIT, algo que já estava a acontecer com o Classmate, um projecto similar, mas mais convencional, desenvolvido pela Microsoft e pela Intel assim que estas empresas perceberam que o OLPC tinha pernas para andar. No entanto, OLPCs a correrem XP é algo que não deverá acontecer com a 1ª geração dos portáteis do MIT. O XO é um sistema de memória flash, ainda bastante reduzida, o que cria dificuldades ao XP. É de sublinhar que se o OLPC XO é uma máquina revolucionária, ainda não é uma máquina excepcional... mas é também por isso que o XO ainda vai na 1ª geração.
Só por brincadeira, será que um OLPC a correr XP se chamaria OLPC XOP (chop = cortar às postas)?
Guardian | Kosovo independence inevitable, says UN envoy Neste momento, o que trava a independência do Kosovo é o ferido orgulho nacionalista sérvio, apoiado pela Rússia, e a timidez europeia, alicerçada nos votos negativos de países como Espanha, Grécia ou Chipre, que temem que a independência do Kosovo encoraje movimentos similares na Europa (pense-se no País Basco, na Catalunha, na FYROM/Macedónia, esse país sem nome, e na República Turca do Chipre, e percebe-se o porquê dos vetos destes países). Por outro lado, o Kosovo aproxima-se cada vez mais da declaração unilateral de independência, que poderia voltar a desestabilizar a região dos Balcãs.
Também poderíamos questionar se os Balcãs alguma vez foram estáveis...
Guardian | Leagues tables only do harm A prática dos rankings de escolas, por cá a iniciar-se, traduz-se apenas na publicação regular de resultados que sublinham o óbvio: que os alunos de melhores condições sociais obtém melhores resultados do que os alunos de piores condições sociais. Na verdade, quantos alunos provenientes de bairros sociais frequentam escolas privadas? Também poderíamos discutir o acesso a equipamentos e filosofia de ensino entre público e privado, mas a questão não passa tanto por aí. A questão fundamental é saber se queremos que o sistema de ensino prepare cidadãos cultos e activos para os desafios do futuro, ou que os prepare para medições periódicas de conhecimentos estatísticos (claro que a maneira como fraseei a questão revela logo o meu ponto de vista). No estudo de caso citado por este artigo, revela-se como nas escolas inglesas o domínio tirânico da estatística dos resultados está a fazer diminuir o nível das competências dos alunos, e eliminar actividades não quantificáveis como expressão artística, expressão dramática ou expressão músical para que haja melhor preparação para os exames de medição. Ou seja, sacrifica-se a cultura em nome da eficiência.
BBC | Chimps beat humans in memory test Esta eu não podia deixar escapar... mas não vou entrar pelo óbvio. Simplesmente, estes resultados não surpreendem. O que eles realmente mediram foi a capacidade da memória de curto prazo entre chimpazés e humanos. A memória de curto prazo é uma das componentes do modelo que actualmente melhor descreve a forma como o cérebro funciona nas questões de memória e aprendizagem e pode ser descrita como sendo mais ou menos similar à RAM dos computadores. A MCP é uma memória curta, de trabalho, em fluxo contínuo, que nos permite seguir e reagir aos estímulos decorrentes da nossa interacção com o ambiente. Grande parte dessa memória perde-se; apenas aquilo que nos é mais significativo fica guardado no nosso disco rígido mental, a chamada Memória de Longo Prazo. Porque é que haveria de surpreender decobrir que os chimpanzés, adaptados a um meio onde a reacção rápida a estímulos é essencial à sobrevivência, têm melhor desempenho do que humanos, que vivem num ambiente que sublinha o preciso oposto - a importância do conhecimento arquivado na memória?
Sky News | Disfigured tumour man José Mestre can save face with op É uma das mais lúgubres memórias da minha infância na baixa lisboeta: regressar da escola a pé, descendo a Avenida da Liberdade, atravessando o Rossio para ir ter com os meus pais ao Largo do Caldas. Ao chegar à zona do Rossio encontrava sempre uma visão aterradora: a de um homem completamente desfigurado, autêntico homem-elefante, cujo rosto era uma massa disforme de pústulas e abcessos. Visão gravada a ferros na minha memória (de longo prazo). Esse homem foi agora alvo de um documentário (um daqueles documentários de estilo gabinete de curiosidades ou freakshow), que deu um nome ao rosto, bem como a revelação que a sua monstruosidade facial se deve a razões religiosas: sendo jeová, Mestre sempre recusou operações por estas implicarem transfusões de sangue. Imagine-se, andar décadas como um monstro desfigurado, talvez com uma pontinha de orgulho por se sofrer suplícios de Job, apenas por motivos religiosos. Mais um indício a apontar para a profunda idiotice que é interpretar literalmente a religião.
E, em conclusão, será possível hoje a uma criança vir a pé da escola para casa atravessando parte de uma cidade? Só isto daria para uma bela discussão sobre a aversão de risco em que a nossa sociedade cada vez mais se baseia.