terça-feira, 27 de novembro de 2007

Professores Artificiais

Autores como Kerckhove, Virilio e Turkle sublinham a ideia de que o uso do computador transforma a nossa maneira de pensar, levando-nos a adquirir novos modos de acção e pensamento graças à interacção com as máquinas. Kerckhove é mais optimista, Virilio analisa os impactos sociais e Turkle analisa os impactos na ideia de indivíduo e de identidade.

A questão que podemos colocar (que, aliás, já o foi) é se em contexto educativo o uso de tecnologias digitais leva ao desenvolvimento de novas estratégias cognitivas pelos alunos, e se é possível "domar" estas capacidades preconizadas pelas tecnologias para propiciar aprendizagens marcantes, eficientes e que garantam transferência de conhecimentos e competências entre contextos.

As investigações sobre o impacto real das três grandes facetas da aplicação dos computadores ao ensino centram-se sobre a eficiência do Ensino Assistido Pelo Computador, da exploração multidimensional da linguagem Logo, e dos Sistemas Tutoriais Inteligentes. Quanto aos dois primeiros, os resultados (análise diagonal feita aos textos, ainda terei que especificar melhor) implicam que estes sistemas não têm "virtudes pedagógicas intrínsecas". Ou seja, não são varinhas mágicas que permitem aos alunos aprender de forma mais eficiente modificando estratégias cognitivas de forma global - o que não me parece que queira dizer que sejam inúteis, muito pelo contrário (como se comprova pelo êxito do Logo, nos seus múltiplos sabores, o último dos quais o Scratch http://scratch.mit.edu/ ).

Quanto aos STIs, os resultados parecem-me fascinantes. O potencial é enorme, e gostaria de sublinhar um STI em especial, que permite aos técnicos de aeronáutica da USAF adquirir em 20 horas competências que demorariam 4 anos a adquirir de forma tradicional. A capacidade que os STI têm de se adaptarem às necessidades dos alunos parece-me ser um elemento fundamental. Por outro lado, são muito complexos, envolvendo Inteligência Artifical, produção de materiais nos mais variados suportes interactivos (simulações, Realidade Virtual) e convergência de equipes formadas por diferentes técnicos. São, também, caros, um factor que inviabiliza a adopção destes pelo sistema de ensino. Parecem estar especialmente indicados para aplicação a saberes técnicos complexos e especializados.

Fiquei com algumas questões às voltas na cabeça: Quais são as potencialidades dos EACs e do Logo? Será que os STIs só se adequam a saberes técnicos especializados? Será que a constante evolução tecnológica levará a que surjam no mercado sistemas de authoring de STIs de preços acessíveis?