terça-feira, 13 de novembro de 2007

Java Jive

Nos anos 50 Boris Vian escreveu (e cantou) o surreal Java des Bombes Atomiques. Java, esclareça-se para as novas gerações habituadas a associar java a férias paradisíacas, café saboroso ou linguagens de programação, foi uma forma de dança muito em voga na frança dos anos 50. Um tango, vá, ou um foxtrot (obrigado, indomável sonhador).

O mundo dança. Os poderes que dominam vão, lentamente, valsando. O imperium americano - e uso o latim com a perfeita consciência que a ideologia de Washington se considera a herdeira legítima do império romano - dança. Danse macabre, valsa ao som de balas, e mísseis teleguiados.

A bomba atómica dá o ritmo à dança. O mundo brinca com o àtomo, muitos países consideram que o possuir da bomba assegura o prestígio, cimenta o país nos jogos geopolíticos que se jogam no tabuleiro planetário. Jogo perigoso, a ameaça do cogumelo radioactivo pesa no ar.

Dança-se a java das bombas. Boris Vian foi mais do que surreal, foi um futurista. É surreal imaginar o avô a construir a bomba na garagem? Essa é uma ameaça levada a sério na mítica guerra contra o terrorismo.

O mundo agita-se, a sede de petróleo do imperium leva-o a querer controlar o médio oriente. A bomba, o medo da bomba iraniana, é a grande desculpa para uma intervenção militar que avança a passos largos. É o legado dos líderes de Washington para o futuro. A java ameaça transformar-se danse macabre, coberta em directo pelos olhos que tudo vêem das câmaras, exaltando a luxúria tecnológica com a destruição provocada pelas elegantes armas de alta tecnologia. A guerra de ideias, a propaganda pura, já começou. O mundo já está há largos meses a ser preparado. E até a pátria de Boris Vian já deu sinal que querer, também, dançar.

Et, quand la bombe a explosé
De tous ces personnages
Il n'en est rien resté