quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A importância da banalidade

The long death throes of the planet assumed a the familiar guise of one series of scoops among others. Thus, having reached a high degree of "soft stupor", we simply contented ourselves with ticking off the events, with enumerating the unfortunate victims of our scientific reverses, our technical and industrial mistakes Palavras de Paul Virilio, em The Information Bomb, que ecoaram na noite se segunda feira nos ecrãs televisivos ocupados com o frenesi mediático à volta de mais um banal acidente de viação.

Cá vamos nós, cantando e rindo, itemizando de catástrofe em catástrofe até à vitória final prometida pela vénus do marketing. Entre dentadas de publicidade, de sonhos enlatados e pré-formatados, vamos saltitando entre ataques suicidas no médio oriente, cheias avassaladoras no méxico e acidentes de viação em portugal. O sofrimento tornou-se uma estética mediática. O espectáculo do horrível, o grand guignol da catástrofe, tornou-se informação séria e isenta. A sociedade transformou-se naqueles automobilistas que passam devagar pelas cenas de acidente, contemplado os destroços fumegantes na vaga esperança de um vislumbre de carne ensanguentada, de contemplarem alguma patética expressão de sofrimento. Desacelaramos para contemplar a pornografia da acelaração.

Ainda mais tremi quando vi no dia seguinte um ministro a prestar declarações sobre um mero acidente. Agora, até já os ministros andam a perseguir ambulâncias na caça descarada ao voto, na projecção virtual de uma imagem de eficiência mecânica. Da próxima vez que o meu pára-choques roçar na traseira de outro veículo também quero lá ter um ministro para prestar declarações. Pago impostos, tenho esse direito.