quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Coda

A ideia de código pode ser entendida como um conjunto de regras, que podem ser lingísticas, visuais, simbólicas, estéticas, comportamentais, ou outras possíveis. O código assegura que uma mensagem seja compreendida pelos interlocutores, participantes no processo de comunicação, desde que estes observem, ou compreendam, as regras segundo as quais o código está convencionado.

Neste momento, na minha sala de aula, aborda-se a Letra enquanto elemento gráfico de comunicação. Aos alunos é pedido que identifiquem uma capa com o seu nome. Os alunos fazem-no através do uso da letra enquanto elemento gráfico. No entanto, para que a comunicação desta mensagem, tão simples, não suscite quaisquer dúvidas, os alunos têm de observar um conjunto restrito de regras que condicionam o tipo de letra, o corpo de letra e os esquemas de cores a utilizar de maneira a que independentemente da forma visual que a letra tomar a mensagem seja eficazmente compreendida, de forma imediata, por todos os intervenientes. A liberdade gráfica não está restringida - tem sim de obedecer a algumas convenções para que a mensagem seja bem compreendida, de forma imediata. Desta forma asseguram-se as condições para que o código da mensagem seja entendido por todos.

Outro exemplo prende-se com os códigos que cada geração adopta para se distinguir das gerações anteriores - as linguagens próprias que usam, os comportamentos que adoptam, os códigos implícitos na forma de vestir, a adopção de grupos. Como professores, estamos mesmo na linha da frente dessa clivagem entre gerações, com a espinhosa tarefa de fazer passar mensagens a alunos que se definem através de códigos muito diferentes dos nossos. O netspeak, a linguagem sms ou, no meu caso específico, a adopção de elementos visuais de culturas urbanas são sintomas dessa clivagem. Torna-se necessário que o professor consiga ser flexível, fazendo a ponte de forma a que a mensagem veículada pela escola seja entendia pelos seus interlocutores que insistem em utilizar códigos próprios. Um exemplo práctico? Ao elogiar o trabalho de um aluno, em vez de dizer “está bonito, está bem conseguido”, digo “está fixe”. Comentário habitual: “o 'stor' sabe falar a nossa língua”....