segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Leituras

BBC | US backing for two-tier internet O Departamento de Justiça norte-americano veio-se colocar ao lado dos grandes ISPs na defesa de uma internet com vários níveis e correspondentes diferentes tarifas. Esta ideia viola um dos princípios básicos da internet - o da neutralidade, que não faz distinção entre pacotes de dados. Do lado deste princípio encontram-se instituições e gigantes da informática como a Google e a Microsoft. A favor da abolição deste princípio estão grandes ISPs que já fizeram saber que o aumento do tráfego de video online ameaça a estrutura da internet.

Guardian | The shock doctrine Naomi Klein, autora do livro No Logo, que desvenda as práticas brutais das grandes marcas de consumo, analisa a estranha ligação entre o catastrofismo e o neoliberalismo. Klein analisa quatro exemplos, aparentemente desconexos mas com um factor comum - a China após o massacre de Tiananmen, a reestruturação económica do Chile após o golpe de estado que colocou Pinochet no poder, Nova Orleães no rescaldo do furacão Katrina e mudanças conceptuais na américa pós 11 de setembro. O factor comum está na manipulação do medo como forma de impôr mudanças indesejadas. Os tanques do Exército Popular enviaram uma forte mensagem ao povo chinês que permitiu ao governo dar carta branca ao particularmente selvagem estilo de capitalismo que está na base da pujança económica chinesa, e que é visto com alguma inveja pelas empresas obrigadas a cumprirem legislações sociais noutras partes do mundo. Após a chegada ao poder de Pinochet, com o reinado de terror que se seguiu, nenhum chileno se opôs às completas reformas económicas levadas a cabo pelos economistas da Chicago School of Economics, influenciados por Milton Friedman, que privatizaram tudo o que se mexia, com os óbvios resultados de empobrecimento geral e enriquecimento obsceno de elites. O Chile foi o primeiro país a privatizar o sistema de reformas, com resultados desastrosos: cinco anos depois da privatização, o estado foi forçado a cobrir o buraco financeiro criado pelos maus investimentos das empresas de poupança-reforma que, literalmente, vaporizaram os fundos de reforma chilenos. O furacão Katrina criou uma oportunidade única em Nova Orleães: livrar a cidade da população negra e pobre, através da não reconstrução de habitações sociais, criando um paraíso para a especulação imobiliária. Finalmente, a economia americana após o 11 de setembro viveu um boom motivado pelas despesas na defesa interna, sistemas de vigilância e equipamento militar para as intervenções americanas. O padrão repete-se: o aproveitar do medo pós-catastrófico para aproveitar novas oportunidades de negócio, muitas vezes a custo do bem público. Outros exemplos sucedem-se: a reconstrução do Sri Lanka após a destruição causada pelo tsunami, aproveitada pelas empresas de turismo para encherem a costa do país de empreendimentos turistas em detrimento das comunidades autóctones.