sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Leituras

BBC | Russia plants flag under N Pole É uma daquelas notícias que nos dão uma sensação que oscila entre o surreal, o aventureirismo exploratório do século XIX e o paleofuturismo. Submarinos russos marcaram o pólo norte como território russo, para suportar a tese russa levada à ONU que a zona do pólo é uma extensão da plataforma continental, logo reclamável territorialmente. Os objectivos são mais reais do que aventureirismos pós-colonialistas. Com o aquecimento global e o degelo, torna-se mais viável explorar os recursos naturais encerrados debaixo dos mares do norte. O espectro é abrangente, e vai desde a exploração de petróleo e gás natural à pesca, sem esquecer as licenças pela passagem nos novos atalhos para a navegação de alto mar propiciadas pelo desaparecimento das placas de gelo.

Em 2050, se não me engano, termina a moratória que proíbe reclamações territoriais sobre o Antártico. Casos como esta aventura russa tornar-se-ão rotineiros. Quanto ao pólo norte, junta-se a outros territórios remotos, como as ilhas Spratly (rochedos semi-submersos no Mar da China reclamados por sete países precisamente por serem uma zona de campos petrolíferos), cuja reclamação surpreende o senso comum.

Correio da Manhã | Cinco mil professores despedidos As incoerências do ministério estão a tornar indefensáveis as decisões de mudanças na estrutura de carreiras e estruturação do sistema de ensino, até mesmo para aqueles que defendiam que o estado anterior das coisas tinha que mudar. O famoso concurso plurianual revelou-se um fiasco, com renovação obrigatória anual das vagas e... novo concurso; o acesso à titularidade, um título já muito discutível, marcado por incoerências como o não reconhecimento de habilitações literárias a doutourados; a transferência de parque escolar e administração do poder central para o poder local, sobrecarregando as autarquias, muitas delas fortemente endividadas; a contínua inabilidade para travar a saída de novos professores quando se sabe que o mercado de trabalho está saturado (aqui as leis do mercado parece que estão a funcionar bem, com cada vez menos alunos a atentarem na realidade e a não se inscreverem em cursos superiores que dão acesso à docência); a catadupa de novas legislações que vão emanando da cinco de outubro revogadas, nalguns casos, menos de um mês após serem publicadas; o caos que reina nas actividades extra-curriculares, ideia meritória que está a correr horrivelmente mal, com as autarquias a delegarem estas actividades a empresas que, num exemplo passado aqui no concelho, não encontram impedimento a que um psicólogo exerça funções como professor de música (imaginem que vão ao dentista e, de broca em punho, aparece-vos um cardiologista)... enfim, o rol é muito grande.

Esta é talvez a única profissão em que é exigido a técnicos superiores mérito e esforços (o que é perfeitamente legítimo) sem que lhes sejam asseguradas condições mínimas de trabalho, e que ainda por cima são tutelados por perfeitos incompetentes que governam dentro dos gabinetes, sem qualquer noção da realidade no terreno.

Hmmm... talvez não deva publicar este post. A expressão incompetentes, aplicada às tutelas, é coisa que cai mal no corrente ambiente que se vive na administração pública, em que as críticas valem processos disciplinares ou afastamento de cargos. Por outro lado, o mal triunfa quando os homens de bem nada fazem, e há que travar esta crescente onda ideológica que leva a corrente dos tempos de regresso aos tempos da velha senhora (expressão que nunca compreendi, uma vez que nesses tempos que detinha o poder era um ainda muito admirado senhor de nariz aquilino).

Guardian | Vive la velorution A bicicleta está a transformar-se no novo meio de transporte urbano, com projectos que disponibilizam bicicletas comunitárias de utilização gratuita a arrancarem com muito sucesso em várias cidades europeias. Em Paris, a coisa virou moda, e a cidade encontra-se a braços com uma invasão de bicicletas que tiram automóveis da estrada e melhoram a condição física das gentes urbanas.