sábado, 7 de julho de 2007
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A mais interessante experiência que vi no MPEG foi o trabalho de uma educadora de infância que criou, em powerpoint, jogos destinados a estimular a aprendizagem de cores, formas e sequências para crianças de quatro e cinco anos, nalguns casos com sérios problemas de aprendizagem - algo que se vai tornar mais usual nas escolas, uma vez que as medidas racionalizadoras do governo vão "aliviar" a carga de trabalho das associações de apoio à criança deficiente, retirando-lhes todas menos aquelas que são deficientes profundas, "libertando-as" nas escolas que não estão preparadas para as receber. Se a coisa correr bem, o ministério irá afirmar, untuoso, que foi mais uma medida de sucesso. Se não, a culpa recairá, naturalmente, sobre os professores, que não deram a resposta profissional que deveriam ter dado. Zero sum game. Perdem as crianças, sempre. A escola inclusiva, tese danosa que está mais do que provado que só tem servido para prejudicar os alunos, serve aqui na perfeição para justificar mais um economicismo que sacrifica o futuro a longo prazo em nome dos objectivos a curtíssimo prazo. Bem, adiante: serve este parágrafo para mostrar a génese deste pássaro - a educadora de infância utilizou os próprios desenhos dos alunos como as imagens e personagens dos jogos, e fiquei simplesmente mesmerizado pela forma sintética como uma das crianças desenhou um pássaro. Abri o caderno, rabisquei. Digitalizei e dei-lhe o meu tratamento habitual. Paths, curves, muito pormenorzinho minucioso a gerir cada nó de linha, cores garridas e a minha arma (não muito) secreta, os gradientes. Paleta CMYK, o que significa que se parece giro no ecrã, se alguma vez for impresso ficará - atrevo-me a dizê-lo - deslumbrante.
(Esta frase final revela o meu deslumbramento com as paletas CMYK, que até há bem muito pouco tempo desvalorizava, influenciado pelas diferenças entre misturas aditivas e subtractivas de cor.)