sábado, 26 de maio de 2007

Leituras

Guardian | Don't take it personally Parecemos viver no pior dos tempos. As convergências propiciadas pelas tecnologias digitais estão efectivamente a abolir a privacidade. Na nossa vida online, a vigilância é contínua - não uma vigilância activa mas uma vigilância passiva, baseada em software capaz de registar os nossos passos e as nossas preferências. É um dos pilares do comércio electrónico - a capacidade de pesquisar bases de dados para fornecer recomendações de compra baseados nas preferências aparentes do consumidor individual. Será um atentado às liberdades e garantias? Em regimes totalitários, sim. Certamente que este tipo de tecnologia faz parte dos sonhos molhados de qualquer tiranete que se preze. Nas sociedades democráticas, o perigo está em ficarmos demasiado enfeitiçados pela Vénus do consumo. Há formas de usar estas tecnologias com fins mais obscuros - já há departamentos de recursos humanos que avaliam os candidatos não só pelos seus currículos, mas também pelos seus blogs e páginas pessoais, o que é uma grosseira violação de privacidade. Há relatos de políticas específicas que rejeitam candidatos a empregos porque apesar do currículo ser aceitável o candidato deixou no seu blog ou página de perfil de site social uma fotografia de uma festa em que estava de copo na mão, ou uma opinião divergente da norma, ou alguma preferência pessoal que não agradou aos responsáveis da empresa. Isto sim, é uma ideia verdadeiramente assustadora: a de que a dedicação ao trabalho e à empresa deve ultrapassar tudo, sobrepondo-se mesmo ao próprio espírito e vida pessoal do trabalhador. Uma espécie de dedicação sacerdotal. Embora isto possa acontecer, e aconteça, nas sociedades democráticas pode-se e deve-se combater estas utilizações nefastas das tecnologias. No entanto, não deixa de ser angustiante saber que a nossa privacidade, frente à internet, simplesmente se vaporizou.

Guardian | North Korea tests missiles in Sea of Japan A Coreia do Norte mostrou mais uma vez as suas garras com um novo teste de mísseis potêncialmente nucleares. A política paranóica e militarista da Coreia do Norte está a ter consequências para além das habitualmente relatadas pelo jornalismo simplório dos telejornais. O Japão, após a profunda derrota na II Guerra, abandonou como país o militarismo, relegando as suas forças militares ao estatuto de força de auto-defesa (força bem preparada e equipada, mas que apenas pode intervir em defesa do território japonês) e proibindo constitucionalmente a agressão militar e o uso de armas nucleares - sabendo-se, como se sabe, que o Japão é o único país na história que sentiu na pele o horror das armas atómicas. Mas as agitações norte-coreanas estão a atemorizar o país. O governo japonês tem criado políticas mais agressivas para as forças de defesa, e discute-se sériamente a alteração da constituição nipónica para remover a proibição de armas nucleares, o que permitiria ao Japão tornar-se uma potência nuclear. Para perceberem o potêncial desestabilizador destes acontecimentos, imaginem que a Alemanha, com o seu historial e o seu passado nazi, sentia-se ameaçada por um país vizinho e começava activamente a rearmar-se e a discutir a possibilidade de desenvolver armas nucleares.

Manhã dos Mongolóides Já que se fala nas Coreias, no âmbito da Lisboa 20 Arte Contemporânea, um projecto de arte digital dos artistas coreanos Young-Hae Chang Heavy Industries. O que é que aconteceria se após uma noite de bebedeira em Lisboa se acordasse... em Seul como um coreano? Citando a frase incial, Porque estao as minhas bochechas tão redondas? Via We Make Money Not Art.

The New York Times | More than ever, it pays to be the top executive É o aspecto mais escandaloso da nossa sociedade economicista e capitalista. É legítimo que quem tenha maiores responsabilidades ganhe mais do que quem tem menores; é legítimo que os gestores ganhem mais do que os seus funcionários. Mas essa legitimidade está a ser esticada para lá dos limites, graças à cupidez dos amantes da mão invisível do mercado. O fosso salarial entre o topo e a base já é abismal. Enquanto os trabalhadores de base ganham salários de centenas, os de topo ganham salários de milhões, justificados apenas pelas suas responsabilidades. Note-se que isto passa-se no mundo que adora as ideias de eficiência económica, das deslocalizações e reduções de pessoal para aumento dos lucros. Há um toque de violenta hipocrisia nos evangelistas do mercado livre.

Gimp Talk Tutoriais para o Gimp, esse programa a que não consigo dar a volta....

Vénus do consumo: esta, meus senhores, é uma referência a Alan Moore que vos desafio a encontrar. Dou duas pistas: Venus of the hardsell e comics. As respostas correctas ao desafio terão como prémio um elogio à profundidade da vossa cultura pop.