quinta-feira, 5 de abril de 2007

Werewolf of London



IMDB | Werewolf of London (1935)
Wikipedia | Werewolf of London

O Homem-Lobo no retrato de Lon Chaney Jr (sem qualquer relação comc o primeiro Lon chaney, à excepção do nome) ficou para a história do cinema como o protótipo do lobisomem, homem-animal amaldiçoado pela sua condição. A mística do homem-lobo foi repetida nos vários filmes clássicos da série e embora não se tenha tornado um grande ícone dos monstros clássicos do celulóide, o homem-lobo de Chaney ombreia com Drácula e o monstro de Frankenstein no simpático panteão dos monstros do cinema a preto e branco.

Mais esquecido fica o seu percursor, o filme de 1935 intitulado Werewolf of London. Este foi o primeiro filme feito em Hollywood sobre o tema, mas sofreu de uma conotação demasiado directa com o filme Dr. Jekill and Mr. Hyde, adaptação cinematográfica da obra homónima de Stevenson.

Werewolf of London leva-nos ao Tibete, onde o cientista Wilfred Glendon busca uma planta rara, a mariphasa. É atacado por um lobo, mas consegue escapar, e regressa a Londres com a planta. Em Londres, usa de toda a sua perícia científica para fazer florescer a planta, chegando a usar uma lâmpada que simula os raios da lua. Entretanto, começa a sentir os efeitos da estranha transformação que o aflige - Glendon parece transformar-se num lobo nas noites de lua cheia. Entra em cena um misterioso Doutor Yogami, de feições levemente asiáticas, que insta Glendon a dar-lhe uma das flores da mariphasa, único antídoto para o mal da licantropia, doença de que Yogami afirma conhecer em Londres dois homens afectados. Yogami, já se percebeu, é o lobisomem tibetano que atacou Glendon no Tibete. Glendon não cede aos pedidos de Yogami, e este rouba as flores de mariphasa, condenando Glendon a transformar-se num lobisomem. Londres começa a ser assolada por relatos de ataques de lobos.

Há uma segunda história por detrás de Werewolf of London, a da relação de Glendon com a sua mulher. Glendon é um cientista obcecado que descura a sua mulher. E quando mais cai nas profundezas da licantropia, mais tentado se sente a atacar quem mais ama. Assim termina o filme, com Glendon morto às balas da polícia quanto tenta matar a sua mulher.

A ideia de uma causa científico-biológica que causa a transformação de um homem racional em monstro está tão associada à história de Jekill e Hyde que este filme, quando estreou, foi considerado uma cópia menor. De facto, as histórias estão bastante próximas, e é talvez por isso que The Wolfman muda tudo - de Londres vai para o país de Gales, e as causas naturais desaparecem, sendo substituídas por lendas sobrenaturais. Como filme, Werewolf of London surpreende pelo cuidado nos ambientes - os cenários escurecidos pelas sombras e pelo nevoeiro (essa imagem tão icónica do cinema de terror) são o elemento visual que desperta o filme. A maquilhagem de lobisomem é também muito eficaz - subtil, sem os excessos de The Wolfman, sublinhando a humanidade perdida do monstro.

Werewolf of London é um clássico esquecido, eclipsado por filmes mais icónicos. Foi um interessante filme percursor, que encanta quem o descobrir. As variantes das histórias sobre os monstros que se ocultam nas profundezas da alma humana são quase infindas, e Werewolf of London encanta precisamente por estar a ficar esquecido.