domingo, 7 de janeiro de 2007

Leituras

BBC | Parisian neighbours meet online As modernas metrópoles são consideradas desumanas, graças a um estilo de vida que não nos deixa manter contacto com aqueles que vivem perto de nós. Para mudar um bocadinho a solidão urbana, os parisienses têm ao seu dispôr o peuplade, um site onde podem comunicar no espaço virtual com os seus vizinhos no espaço real. É mais um indicador de como a vida virtual se imiscui na tradicional e palpáve vida quotidiana. Por outro lado, falando eu com o meu habitual desprezo pelos meus vizinhos, será assim tão salutar a convivência virtual entre pessoas que vivem mesmo ao lado umas das outras?

Correio da Manhã | Impostos pesam 63,9% na gasolina Uma notícia animadora: com a anunciada subida do imposto sobre os produtos petrolíferos, a carga total de taxas e impostos sobre o preço base dos combustíveis ultrapassa os 60%. Significa que em cada euro de combustível, mais de sessenta cêntimos vão para imposto. Junte-se a isto um mercado realista do petróleo, e a uma pretensa política de preços de combustíveis liberalizados, e o que temos é uma factura cada vez mais pesada sempre que colocamos combustível no depósito do automóvel. Nem sequer há a pretensão de tentar afirmar este assalto às carteiras como uma política que estimule o uso mais racional do automóvel; para isso, teria de haver uma política eficiente de gestão de transportes públicos, menor ênfase no investimento em alcatrão e incentivos à aquisição de veículos menos poluentes. Quanto à famigerada concorrência de preços entre gasolineiras, ninguém acredita sériamente que exista, a menos que se considerem diferenças de milésimas de euro como sinais significativos de guerras de preços, e subsistem até dúvidas sobre os reais preços dos combustíveis, com o petróleo nos mercados mundiais a descer mas os preços finais a manterem-se. Ganha o estado, arrecadando milhares de milhões de euros com este imposto indirecto, ganham as petrolíferas. Perdemos nós, e continua a perder o ambiente. Apesar de todas as boas declarações de intenções, a nossa dependência dos combustíveis fósseis não só não dá sinais de abrandar, como até dá sinais de expansão.

Guardian | They have made a killing Contas da guerra no Iraque: 500 mil milhões de dólares gastos em material militar e contratos bilionários para a reconstrução inexistente de um país devastado. Cerca de 500 mil iraquianos mortos. A coisa traduz-se mais ou menos num pouco eficiente gasto de um milhão de dólares por cada iraquiano morto. Ineficiente, ponto e vírgula; para as empresas que estão a lucrar régiamente com este sangrento sorvedouro de dinheiro, esta política está a ser esplendorosa.

(Resmungo final: quantas missões a Marte ou à Lua 500 mil milhões de dólares custeariam? Quantos programas de erradicação de pobreza, de saúde pública ou de apoio ao desenvolvimento poderiam ser financiados com estes gastos? Têm razão, desculpem, perdi a cabeça. Que veleidade a minha pensar que despesas com serviços sociais ou pesquisa científica são investimentos financeiros económicamente eficientes.)