sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Eva do Amanhã



L'Ève Future
Wikipedia | Villiers de L'Isle Adam

The professor loosened the black veil wich draped the figure.
"An Andraiad," he said, impassively, "is divided into four parts."
"First: The vital system, the internal part, wich includes equilibrium, walking, the voice, gesticulation, the senses, the future expression of the countenance, the secret regulation of the movement - or better expressed - the soul."
"Second: The plastic mediator - that is to say, the metallic envelope, separated from the epidermis and the flesh, a kind of armature with flexible joints, in wich the internal system is firmly fixed."
"Third: The incarnation - or, properly expressed, the artificial flesh - superimposed on the mediator and adherent to it, and wich includes the features and the outlines, together with the bony skeleton, the venous network of the musculature, and the various proportions of the body."
"Fourth: The epidermis, or human skin, wich includes and implies the complexion, the pores, the features, the smile, the subtle changes of expression, the accurate labial movements in speech, the hair of the head, the occular apparatus, with the individuality of the glance, the dental system."

The scientist had uttered these words as impassively as if he were stating a theorem in geometry. His young listener felt from the voice that Professor X was on the point of furnishing the proof.

"My lord,", the professor continued in a voice strangely grave and melacholy, "you are about to witness the birth of an ideal creature, in listening to the explanation of the internal organisms of Hadaly. What Juliet could undergo such an examination without causing Romeo to faint?"


Assim descrevia Villiers de L'Isle Adam, escritor simbolista francês do século XIX, aquela que foi a primeira das andróides da história da literatura. Em L' Ève Future, Villiers descreve como as investigações do genial Professor X o levam a criar um ser mecânico perfeito, indistinguível à vista desarmada. Lord Ewald, consumido por um desgosto amoroso - apaixonara-se por uma bela mulher, uma verdadeira Vénus de beleza, cuja assinalável beleza era maculada por uma total vacuidade mental, serve como cobaia ao cientista, determinado em insuflar uma alma nos mecanismos da andróide. Hadaly é a mulher perfeita, bela, inteligente e submissa, imortalizada pela durabilidade dos seus mecanismos. O conto, como todas as histórias em que o homem esquece a realidade na busca obsessiva das ilusões, termina de forma desoladora. Para o futuro, fica a descrição desta Eva do amanhã, e uma história na qual se detectam algumas futuras influências no professor Rotwang e da andróide Maria de Metropolis. Incidentalmente, Villiers de L'Isle Adam foi o criador da palavra andróide.