quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Leituras

Guardian | Bitter Harvest Depois de uma verdadeira odisseia pelas terras de África seguida de uma travessia muitas vezes fatal do mediterrâneo, o destino final da maioria dos imigrantes ilegais que desaguam na Europa são os campos agrícolas do sul. Aí trabalham, vivendo em condições deploráveis e recebendo salários miseráveis, quando os patrões não se recusam a pagar-lhes após o trabalho.Vivem em constante medo da polícia e, sendo ilegais, não têm acesos aos mais básicos seviços de saúde. Reportagem do Guardian nas fronteiras europeias da Itália do sul dominada pelas máfias, mas que pouco diferente seria se o local fosse outro nesta Europa que beneficia da mão de obra barata gerada pela imigração ilegal.

The New York Times | With NASA, Google expands it's realm to the moon and mars A Google anunciou recentemente uma parceria com a NASA que vai permitir aos programadores irreverentes da empresa de software na moda acesso livre ao gigântico arquivo da dados da NASA. Google Earth? Que tal Google Moon (já existe) e Google Mars (já existe). Talvez Google Solar ou Google Universe, quem sabe Google Singularity. Piadas à parte, esta parece ser uma boa maneira de divulgar os extraordinários dados e histórias das décadas de exploração espacial. Aguarda-se com curiosidade os próximos desenvolvimentos. Duas notas: se a Microsoft tivesse anunciado igual parceria, seria depressa denunciada como um império do mal determinado a extender o seu domínio ao universo (mas isso eles já fazem). Quanto à Google, o seu novo slogan poderia ser... to boldly go where no man has ever gone before!

The Times | Toxic timebomb surfaces 60 years after U-boat lost duel to the death Neal Stephenson irá adorar esta notícia. Envolve perigos ambientiais, tecnologias, mergulho em busca de segredos submersos, Bletchely Park, submarinos que transportavam tecnologia secreta para o Japão e até mesmo mercúrio (=quicksilver). O governo norueguês planeia soterrar os destroços do U-864, submarino alemão afundado nas suas costas durante a II Guerra. O U-864 transportava motores a jacto e peças para caças Messerchmit para o Japão, num esforço Nazi de reforçar o poderio militar de um Japão encostado à parede. Se o Japão recebesse estes componentes, poderia desenvolver aviões de combate a jacto, recuperar a superioridade aérea e obrigar os EUA a desviar o esforço de guerra da Europa para a Ásia, aliviando a perssão sobre a Alemanha. Bletchely Park naturalmente descodificou as mensagens secretas, e o almirantado enviou o submarino HMS Venturer para interceptar o U-864 na sua rota de Kiel até ao Japão. O Venturer conseguiu interceptar o U-864 ao largo da Noruega, e afundou-o naquele que foi o único combate naval em que um submarino afundou outro submarino num combate submerso. Sessenta anos depois, esta empolgante história volta à ribalta: é que parte da carga do U-864 era mercúrio, altamente tóxico e poluente. Os bidões que contém mercúrio estão, ao fim de tanto tempo debaixo de àgua, tão corroídos que o risco de derrame de mercúrio, e consequente desastre ambiental, é iminente.

Esta é uma história que daria um bom filme, contada em paralelo - nos dias de hoje, por aqueles que correm para evitar os desatre ambiental e nos tempos da II Guerra, com as tripulações dos submarinos e os segredos de Bletchley Park. Seria um novo Cryptonomicon, mas totalmente baseado em factos reais.