quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Leituras

The Times | Sandinista rebels scents victory at last Após décadas de interferência americana, o governo de esquerda da Nicarágua acabou por ceder lugar a um governo mais ao gosto de Washington. Anos depois, em eleições perfeitamente democráticas, os candidatos de esquerda estão em vantagem. Esperem durante os próximos dias comentários americanos à Nicarágua como mais um país membro do eixo do mal, quiçá uma potência nuclear, caso os candidatos de esquerda vençam as eleições.

The New York Times | Patent firm suing Palm over e-mail technology Recentemete, a Blackberry, que manufactura uns terminais móveis de culto, viu-se em risco de desaparecer. Um tribunal americano forçou-a à suspensão do serviço através de uma providência cautelar, enquanto não se apurava se a Balckberry estaria a violar uma patente detida pela NTP, uma firma especializada em patentes. Enfrentando prejuízos inimagináveis graças a ter os seus serviços suspensos no seu maior mercado, a Blackberry cedeu e pagou uma indemnização à NTP sem que alguma vez tenha sido provado que as patentes da NTP tenham sido violadas. Contente com o resultado, a NTP virou-se agora para a Palm. Estes são os perigos da nova economia, em que as ideias valem mais do que os objectos. Á partida, nada de mal com isso, mas histórias como esta mostram o lado mais obscuro da economia de ideias: empresas como a NTP, que nada produzem - especializam-se em patentear ideias e conceitos sem as desenvolver, ganhando dinheiro processando empresas que desenvolvam tecnologias que remotamente se assemelhem aos conceitos cuja patente detém. Este é um exemplo mais esotérico; poucos se importam com os destinos de uma empresa como a Palm (excepto os fãs de pdas Palm). Mas um caso mais acessível é demonstrado pela Toyota: detentora do mais eficiente sistema de automóvel híbrido, a empresa defende a sua patente e apenas acede a licenciar a sua tecnologia de formas económicamente inviáveis. O resultado: as poucas marcas de automóveis que desenvolvem veículos híbridos fazem-no com tecnologia própria - e a quantidade de veículos híbridos que se vendem e circulam muito reduzida. A questão de fundo está nas patentes: criadas para proteger os direitos inegáveis dos criadores, até que ponto é que funcionam como um travão ao progresso?

Guardian | Not all truth leads to reconciliation in Lodz Partindo da análise das novas perspectivas de uma histórica cidade polaca, este excelente artigo retrata um país, membro recente da União Europeia, que nos surpreene pela sua confiança no futuro e postura pro-activa. Um pequeno pormenor: enquanto nós, portugueses, que apesar das nossas dificuldades temos uma situação invejável pelos padrões polacos, apenas mantemos pequenos contingentes em missões internacionais, os polacos têm mais de oitenta mil homens espalhados pelo mundo em missões de paz - inclusive no Iraque, pormenor um pouco esquecido porque o seu sector, Najaf, não vive sobre a rotina de ferro e fogo dos sectores sob comando americano e britânico. Como português, vivendo num país de oportunidades mal aproveitadas e incerteza perante o futuro, não deixo de ficar apreensivo com este gigante adormecido, que saúda a Europa como a sua grande oportunidade histórica de se afirmar.