sábado, 14 de outubro de 2006

Leituras

... e audições.

BBC | Nobel for anti-poverty pioneers O prémio nobel da paz este ano foi atribuído sem controvérsias a quem o merece - a Muhamad Yunus e ao Grameen Bank, que têm feito um trabalho excepcional no combate à pobreza. Sem discursos pomposos, iniciativas mediáticas inúteis e mega-concertos. Sem dádivas e sem caridade, aplicando antes o princípio de que para alimentar um homem esfomeado mais vale ensiná-lo a pescar do que lhe dar um peixe. O Grameen Bank aposta no microcrédito, que em Portugal serve para ajudar desempregados a criarem o seu próprio pequeno negócio com capitais que os bancos tradicionais não emprestam, mas que na Índia e Bangladesh serve para criar coisas tão básicas como serviços telefónicos para as aldeias - emprestando as quantias necessárias para um grupo de aldeões comprar um telemóvel, ou a criar micro-negócios que nas vastas regiões de pobreza do mundo são uma linha vital para a sobrevivência. Por uma vez, o prémio Nobel premia não quem fala, mas sim quem faz.

Guardian | Business, stop moaning. These "burdens" are what keep us civilized Em Inglaterra, o HSBC - o maior banco inglês - ameaçou publicamente que estava a considerar deixar de estar sediado no país, citando os altos impostos que tinha de pagar sobre os seus magros lucros (que ascendem aos biliões de libras). Para referência, a Inglaterra é dos países da União Europeia com taxas de impostos mais baixas. Esta notícia é sintomática da cupidez e da arrogância das grandes empresas, que não hesitam em ameaçar os governos com mudanças para países que lhes são mais agradáveis, utilizando a globalização como forma de fugir a impostos e a contribuições sociais. Não lhes ocorre que o fardo dos impostos é o que mantém a sociedade coesa, assegurando acesso à saúde, educação, justiça e infraestruturas a todos. Este é mais um sintoma da doença ideológica que afecta a nossa sociedade, que nos está a incentivar a desmantelar esquemas de protecção social, pondo em causa os sistemas de reformas, os sistemas educativos e os sistemas de saúde, em nome de uma "eficiência" que na realidade se traduz em mais lucros a curto prazo para privados. Uma equivalência em Portugal seria um dos grandes patrões, um Belmiro ou um Balsemão, anunciar que estava a pensar mudar as suas empresas para outro país porque acha que em Portugal paga impostos a mais.

(Outro paralelo com a Inglaterra é Sócrates, que se está a revelar um verdadeiro Tony Blair - eleito como socialista, revelou-se mais liberal do que os ultra-liberais que pululam nos partidos de direita.)

New Scientist | Imagine Earth without people Leitura obrigatória: este provocante artigo da revista New Scientist analisa o impacto da actividade humana sobre o planeta tentando responder à simples pergunta - o que é que aconteceria ao planeta se, de repente, os seres humanos desaparecessem? Fascinante, e redutor das nossas cósmicas aspirações perante a fugacidade da nossa presença nas eras geológicas e nos incontáveis eões do profundo universo.

The Times | Harvest of death is reaped where the cluster bombs were scattered Um legado duradouro dos bombardeamentos israelitas no território libanês são as assassinas bombas de fragmentação, insidiosamente espalhadas por todo o território.

O Planeta Mafra agrega alguns blogs que têm em comum o serem escritos aqui na região. Leitura diária obrigatória para se sentir o pulso de quem cá vive.

Share Your Knowledge | Dark Side of the Moon Para relembrar o lendário album dos Pink Floyd. Ouçam, e depois procurem o original numa discoteca - este album seminal dos Pink Floyd é obrigatório na colecção de qualquer melómano que se preze.

Aurgasm | Inga Liljeström Quando ouvi pela primeira vez pareceu-me estar a ouvir algo inédito dos Portishead ou dos Massive Attack. Mas este low-fi australiano é bem contemporâneo, e uma delícia para os ouvidos. Via o Aurgasm, blog de mp3 que divulga o melhor que se faz na pop contemporânea.