domingo, 17 de setembro de 2006

Leituras

Guardian | Hunger for the corporeal Neste admirável mundo novo digital, em que tudo no mundo está à distância de alguns cliques, seria de esperar se perdesse a ideia da fisicalidade, e muitos temem que assim seja. No entanto, o oposto parece estar a acontecer. Historiadores e biógrafos que apesar de terem disponíveis na rede todos os documentos sobre os factos ou personalidades vão aos locais consultar in loco os originais, ou, mais prosaicamente, coleccionadores àvidos que despendem fortunas por objectos banais cujo carácter lhes é atribuido por terem pertencido a pessoas famosas. O mundo virtual apenas vem facilitar essas transações; o nosso carácter está demasiado apegado aos objectos para deles se libertar.

Guardian | The Taliban rise again O Afeganistão deveria ter sido o exemplo de um país recuperado graças aos esforços da comunidade internacional. Os atentados de 11 de setembro tiveram o condão de forçar uma intervenção num país que vivia há décadas uma violenta guerra civil e cuja grande parte do território se encontrava dominada por um governo de repelentes fanáticos religiosos. Com grande fanfarra, os soldados de operações especiais prepararam o terreno para a queda do regime, logo substituída por um regime que aliava diversos antigos senhores da guerra num caminho para o futuro. O dinheiro da ajuda internacional começou a chover sobre o país, as leis repressivas talibãs foram aliviadas, países de todo o mundo - Portugal incluído, contribuíram forças para ajudar a estabilizar o país. O Afeganistão parecia finalmente estar no bom caminho. Cinco anos depois, assiste-se ao ressurgir em força dos Talibãs, agora financiados pelos senhores do ópio, combatidos por parcas forças sob comando da Nato. O governo afegão perde credibilidade, grande parte das províncias estão mergulhadas no caos, e a produção afegã de heroína irá este ano exceder o consumo mundial. Apesar disto, é vital, para o país e para o mundo, que continuemos a apoiar a estabilização do país.

The Times | US-bashing on agenda at "Axis of Evil" summit Reúne-se esta semana em Havana um encontro dos líderes dos países pertencentes a uma organização que é uma verdadeira relíquia dos tempos da guerra fria, a Organização dos Países Não-Alinhados. Os media rapidamente alcunharam esta reunião uma reunião do eixo do mal - o que caracteriza estes países hoje é que de uma forma ou de outra desrespeitaram os ditames políticos de Washington. Apesar de tudo, é bom relembrar que se a Venezuela de Chavez está a tentar trabalhar em prol dos seus cidadãos, Cuba continua a ser uma ditadura, apesar dos seus créditos, e quando à Coreia do Norte, ao Irão ou à Bielorússia... descrever os seus regimes como "benévolos" seria esticar ao máximo a definição.