segunda-feira, 21 de agosto de 2006
Visões de sensualidade
S a l o m é
Insónia roxa. A luz a virgular-se em medo,
Luz morta de luar, mais Alma do que a lua...
Ela dança, ela range. A carne, álcool de nua,
Alastra-se p'ra mim num espasmo de segredo...
Tudo é capricho ao seu redor, em sombras fátua..
O aroma endoideceu, upou-se em cor, quebrou...
Tenho trio... Alabastro!... A minha Alma parou...
E o seu corpo resvala a projectar estátuas...
Ela chama-me em íris. Nimba-se a perder-me,
Golfa-me os seios nus, ecoa-me em quebranto...
Timbres, elmos, punhais... A doida quer morrer-me:
Mordoura-se a chorar - há sexos no seu pranto...
Ergo-me em som, oscilo, e parto, e vou arder-me
Na boca imperial que humanizou um Santo...
Poema de Mário de Sá Carneiro