quinta-feira, 27 de julho de 2006
Vícios
O problema do vício das leituras, alimentado por tinta de impressão sobre vários tipos de papel, é que por vezes exageramos. Não me bastando equilibrar o Cryptonomicon de Neal Stephenson com A Voz do Fogo de Alan Moore, ainda fui acumular uma pilha apreciável de livros adquirida a custo reduzido numa daquelas feiras do livro em que as editoras se livram dos livros que não conseguiram vender. À partida, estas feiras têm uma grande quantidade de ruído para o sinal que emitem, mas por entre pilhas de livros esquecidos, anódinos, de estudos eruditos tão específicos que só o autor domina o campo de pesquisa, de velhos livros infantis e até de livros cuja publicação foi um perfeito desperdício de àrvores, podem-se encontrar preciosidades como uma tradução portuguesa da mitologia de Bulfinch. Só que a pilha de obras para ler ameaça transformar-se numa verdadeira torre de babel, com um cume que se aproxima progressivamente do céu. Cada novo livro torna-se mais um degrau de uma subida cada vez mais altaneira.
A verdade é que nestes dias o que não falta são prazenteiras tardes solarengas para ler, de preferência com o marulhar do mar mesmo à mão de semear.