domingo, 25 de junho de 2006

Domingo

Domingo. O português comum encontra-se no seu sagrado dia de descanso. O camponês, o operário, o funcionário de escritório, o pequeno e médio empresário, enfim, o português trabalhador e produtivo prepara-se para um dia tranquilo a passear pela praia, a acompanhar a sua rubicunda mulher e ruidosos filhos, a visitar religiosamente o super-mercado ou o centro comercial, a entupir as estradas no seu tradicional passeio dos tristes ou a preparar a tarde de churrascos que antecederá o serão regado a cervejas e passado frente ao televisor a ver o jogo.

O professor, essa sanguessuga dos impostos nacionais, passa este domingo de volta dos seus papeis ou do seu computador a avaliar os alunos, a reformular planos, a escrever relatórios sobre o perfil dos seus alunos. Não é assim muito diferente da rotina de todos os outros domingos do ano, em que o professor adiou o seu muito desejado passeio à beira-mar porque precisava de preparar as aulas da semana que se seguia.

É domingo e da janela do meu atelier vejo a fila de carros que se estende a partir do miradouro de ribeira de ilhas. Regresso ao computador para afinar o meu latim educativo: os relatórios esperam-me.