terça-feira, 14 de março de 2006

Recuperações

A viagem agora quase rotineira até Queluz que a Margarida faz por causa da sua operação à coluna deixou hoje boas notícias. Ela está a recuperar rápidamente. O mais difícil no pós-operatório de uma intervenção cirúrgica como aquela a que a Margarida foi submetida, é voltar a andar e recuperar o reflexo da pata - aquele reflexo que os cães têm ao pôr a pata no chão na posição correcta, com as almofadas das patas sobre a superfície. Isso, ela já conseguiu, graças a uma intervenção cirúrgica muito atempada, umas doses de passeios na praia e umas corridinhas atrás do coelho. O passo seguinte é trabalhar o equilíbrio traseiro da cadela - com os músculos presos e os movimentos incertos, há um lapso de segundos entre o movimento das patas e o equilíbrio do corpo. Agora, é tentar que a cadela deixe de andar aos zigue-zagues.

A recuperação está a ser boa. A Margarida vai recuperar mais de 90% da mobilidade que tinha antes da hérnia discal. Ao fim de bastante tempo, é até possível que volte a ter a mobilidade total.

Em conversa com o veterinário, descobri que antes de haverem veterinários especialistas em neurologia animal, o tratamento habitual para hérnias discais era a eutanização do animal. Se o animal chegasse ao veterinário paralizado, este recomendava logo que se lhe desse uma injecção, para terminar com o sofrimento do animal. Se chegasse ao veterinário como a Margarida chegou, semi-paralizada, ainda se deixava o animal sob observação, mas o veredicto era o mesmo: abate do animal. Hoje, a maior divulgação destas técnicas permite uma elevadíssima taxa de sobrevivência dos animais. Só em casos de animais que chegam muito tarde ao veterinário-neurologista é que não é possível fazer nada.

Não é um tratamento muito barato, mas vale bem a pena.

As boas notícias para a Margarida incluem: o retirar do penso, pois a cicatriz da operação encontra-se em bom estado; o retirar daquele funil que ela tinha de ter enfiado na cabeça (e que eu tantas vezes lhe retirava); dentro de três dias, não só pode ir à praia, mas pode também ir à àgua. Vou iniciar assim uma nova fase de fisioterapia na cadela - a talassoterapia, com ela dentro de àgua a mexer as patas. Se o tempo estiver bom, talvez também me dedique a umas talassoterapias destas. A parte chata é que ainda estamos a trabalhar, não é? Será que conseguiria justificar as minhas faltas com acompanhamento a familiar menor?

Ainda continuo a ter de a levar a Queluz para observações, o que significa conduzir naquela delícia de estrada que é o IC 19. Sinceramente, não sei como é que as pessoas aguentam fazer aquela estrada todos os dias. Aquilo não parece uma estrada, parece um parque de estacionamento que serpenteia entre Sintra e Lisboa. A palavra que me ocorre para descrever o IC 19 é, simplesmente, infernal.