A tarefa perante a qual eu tremo de inquietação enquanto director de turma é a condução de uma reunião de pais. É uma tarefa ingrata, que acaba sempre por correr mais ou menos bem. O irritante são os momentos antes, em que o cérebro se atrofia perante a perspectiva de enfrentar vinte ou vinte e cinco papás que nunca consigo deixar de imaginar como uma matilha raivosa que se baba e range os dentes enquanto me tira as medidas, pronta para me devorar até aos ossos. Um a um, posso eu bem, agora todos juntos...
Mas acabo sempre por sobreviver. Também acabo sempre por demorar mais tempo do que esperava ou queria. Os papás e as mamãs têm sempre um pormenor a mais a contar, mais uma questãozinha para eles importante e para mim quase esquecida a questionar. Sob pressão, lá alinhavo umas frases bonitas ou nem por isso, os meus olhos ziguezagueiam de um lado ao outro enquanto me tento lembrar qual dos meninos ou meninas estão a falar (a Ana...? Ora deixe lá ver... qual das anas...) esperando não afirmar peremptóriamente que a aluna tem de estudar mais para superar as negativas enquanto a mãe ou o pai olham para as notas e me dizem que ela só tem quatros e cincos. Isto quando temos muitos alunos com o mesmo nome é um bocadinho complicado.
Claro que é uma hora ou duas sempre a falar. Um bom remate para um longo dia de trabalho. E até ouço alguns elogios... "o meu filho até diz que o professor não é tão mauzinho como isso...
Uau. Precisamente o que eu gosto de ouvir.