Primeira segunda-feira do ano, primeiro dia de trabalho. O cérebro ainda mal funciona, mas o corpo já é obrigado a ter de se mexer. É escusado dizer que foi um longo dia, com os alunos cheios de energia e de novidades para contar, e com uns professores com umas caras de enterro a condizer com o seu bom humor.
Já está, já está e amanhã é outro dia (de folga, no meu caso, eh eh eh...)
Ano novo, preços novos. Esta manhã ao chegar à portagem da auto-estrada Mafra-Malveira, preparei o gesto habitual de tirar a moedinha de cinquenta cêntimos da carteira. Parei o carro e estendi a moeda ao portageiro que a aguardava, solícito, de mão estendida. Dei a moeda, preparei-me para arrancar, e reparei que o portageiro continuava de mão estendida. Desculpe lá, enganei-me, pensei que lhe tinha dado uma moeda de cinquenta, disse confuso enquanto por entre as trevas de sono matinais tentava descortinar qual era afinal o real valor da moeda que reluzia nas mãos do portageiro. Não, a portagem aumentou, disse-me sorridente o portageiro. Murmurei obscenidades entre dentes enquanto procurava mais uma moeda para entregar na mão estendida do portageiro. O pensamento de fazer marcha-atrás ocorreu-me, mas rápidamente percebi que estava cercado. Com veículos atrás de mim, e os desoladores bunkers esverdeados da portagem ao meu lado, a minha única saída era pagar e seguir em frente, auto-estrada fora.
O minuto de auto-estrada mais caro de portugal ficou ainda mais caro. Cinquenta e cinco cêntimos para cinco quilómetros com duas curvas, três retas e uma ponte pelo meio. Vá lá que ao menos o amanhecer estava glorioso, com fiapos de nevoeiro cerrado sobre a serra da malveira, o que dava à paisagem um fabuloso contraste entre o verde dos campos, o azul do céu, o cinzento da névoa e o negro do asfalto.
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