quinta-feira, 22 de dezembro de 2005

Pausa

Acabou a correria para as aulas, para as avaliações e para todas aquelas actividades não planificadas e inexistentes nos programas que são as que tornam a vida na escola interessante. A escola está deserta, as salas vazias. Os alunos estão por casa, ocupados com desenhos animados ou jogos electrónicos, ou mais provávelmente a darem cabelos brancos aos pais. Os professores também não estão na escola, aproveitando os dias que medeiam entre o natal e o ano novo para uma pequena pausa para um merecido descanso. É um dos privilégios da profissão, pouco defensável, mas necessário. Para aqueles que o considerem injusto, gostaria de lembrar que os pilotos de avião podem viajar sem pagar, ou que os médicos têm toneladas de produtos químicos interessantíssimos à sua disposição, entre dois exemplos de profissões com as suas compensações menos defensáveis.

Agora, descanso.

Descanso? Como? Acabada a correria laboral, impõe-se a correria da quadra. As prendinhas estão despachadas, sempre é uma preocupação a menos e um rombo na carteira a mais. Agora, resta-me preparar a casa para a visita dos papás e dos papás e irmãos da minha rapariga na noite da consoada. Isso significa que tenho pela frente horas horripilantes a limpar e organizar a casa. Limpar paredes, limpar livros, arrumar tudo o que estiver desarrumado, lavar janelas, deixar todos os cantinhos e todos os bibelots a brilhar com aquele brilho limpinho que atrai o pó como um iman atrai limalhas de ferro. Em momentos como este percebo a lógica de contratar mulheres a dias para tratar das limpezas. É impressionante a quantidade de lixo que se acumula numa casa, e o trabalho que dá a limpar. Vale bem por dezenas de sessões de ginásio.

Para rematar, este é sem dúvida um tempo que seria muito mais bem passado a ler, a dormir, a passear na praia ou com outras agradáveis actividades similares, as quais deixo ao critério das vossas imaginações mais ou menos perversas.