sábado, 10 de dezembro de 2005

Morning After Blues

Ainda estou em fase de recuperação após ter-me congregado com o ouriço e amigos. Fieis à tradição, apesar do avançar da idade e do aumentar das responsabilidades, o consumo de bebidas etilizadas foi... substancial. Lembro-me vagamente de uma interessantíssima discussão em que a saga Star Wars foi confrontada com a experiência religiosa que é 2001, após o que se seguiu uma dissecação do conceito de ficção científica aplicado à cultura pop. Qualquer discussão em que se possa deixar cair o nome de Greg Egan, Greg Bear (e só não caiu Bruce Sterling porque o blended scotch entaramelava a língua e embotava os neurónios) é uma boa discussão. Antes da violenta interrupção, já aplicávamos análises semióticas a Rambo, centradas na questão essencial inerente ao filme - porque é que um tipo com bíceps maiores do que a cabeça e que apenas consegue emitir grunhos guturais fica rico e famoso, enquanto que pessoas interessantes, inteligentes, articuladas e formadas andam a ver se as contas bancárias não caem em buracos profundos no espaço-tempo. Eu cá dispenso a fama, agora o dinheiro... como diz a anedota, se ao menos me deixassem provar que o dinheiro até nem traz felicidade...

Elego o dia de hoje como dia de recuperação oficial de uma longa semana rematada por uma longa noite. A montanha íngreme de papelada que me aguarda com o final do primeiro período de aulas deste ano lectivo aguardará, suavemente empilhada sobre a secretária. Hoje o dia é de recuperação, e será dedicado a um livrinho curioso, Estações Diferentes, uma colectânea de quatro contos de Stephen King. Contos, mas não contos curtos... apenas a prosa experiente de Stephen King nos obriga a ler, a ler e a continuar a ler sem parar, enquanto as páginas lidas se amontoam. O primeiro conto é genial - Os Condenados de Shawshank, uma história minuciosa sobre paciência, coragem e esperança.

Qualquer comentário ou queixa sobre a possível diminuição dos conteúdos interessantes deste blog tem de levar em conta que o final de um período para um professor de educação visual e tecnológica é de uma dureza e de uma violência inagualável. Mas pelo menos os trabalhos ficam prontos a tempo, a escola fica decorada, os alunos ficam avaliados e o que resta dos neurónios é desgastado com as burocracias fedorentas que se alapam ao trabalho do director de turma. Um papel aqui, um papel ali... muitas florestas são derrubadas para que o sistema de ensino funcione...