sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Greve IV

Com ou sem greve, com ou sem protestos sobre a nossa dignidade, é esta a imagem que o país tem sobre nós:

Os professores do ensino primário e secundário estão hoje em greve. Segundo os sindicatos, a adesão prevista, cerca de 50%, está a ser fortemente ultrapassada, rondando até ao momento os 80%. Nesta véspera de fim-de-semana solarenga, algumas escolas fecharam mesmo as suas portas. Principalmente no Norte.*
Valter Lemos, o secretário de Estado da Educação, confirmou aos meios de comunicação oficiais que os professores são realmente os funcionários públicos que mais faltam. Em média, cada estudante fica privado de uma centena de aulas por ano. Para reduzir os malefícios, o governo criou as polémicas aulas de substituição, que segundo os professores, além de serem uma farsa, são também uma violência psicológica para a classe.


Para compor o ramalhete, temos esta bela notícia saidinha no Diário de Notícias: Professores faltaram a 7,5 milhões de aulas . Só posso agradecer ao secretário de estado da educação, o bronquíssim Valter Lemos, esta sabuja peça de desinformação jornalística. A conclusão de qualquer leitor é que os professores são uns baldas. Pois, como sabemos, o professor nunca adoeçe, nunca tem um filho doente, nunca lhe falece um familiar, nunca tem um acidente de automóvel, nunca precisa de ir ao médico, nunca se atrasa numa fila de trânsito na auto-estrada, nunca precisa de tratar de assuntos em repartições de finanças ou outros organismos. Não, o prof quando falta é para ficar a dormir e a beber uns copos à conta do dinheiro dos portugueses.