Final de mais uma longa semana (o feriado não conta). Só apetece ouvir Eric Satie até rebentar de nostalgia. Depois, pegar num livrinho de Arthur Machen, ou J. G. Ballard, e fazer o que resta do cérebro rebentar de surrealismo. Assim purificado das agruras da ténue banalidade da vida quotidiana, pronto me encontro para passar mais um fim de semana a explorar os limites internos das fronteiras da imaginação humana. Talvez me dedique a reler Ubik, de Philip K. Dick, autor que vós, amáveis amantes do cinema, poderão reconhecer como o autor original dos livros em que se basearam filmes como Minority Report, Total Recall e o inimitável filme da minha vida, Blade Runner (baseado no livro com o impressionante título de Sonharão os Andróides com Carneiros Eléctricos?).
Dick sempre teve algum azar com as adaptações para cinema das suas obras. Apenas Ridley Scott, embora alterando todo o espírito do livro, logrou realizar um filme à altura da prosa de Dick. Ao contrário de Paul Verhoeven, o magarefe que desmembrou We'll Remember It For You Wholesale, com um Scharwznegger à solta no planeta Marte de Total Recall (o tipo de filme que nos enche de pena pelo celulóide que foi desperdiçado na sua gravação).
Noutro registo, aguardo ansiosamente a Sketchbook, nova revista de B.D. portuguesa. E um recado para a editora Devir: o que é que aconteceu à Metal Hurlant e à Comix?