Sexta feira, sem vida selvagem. A única constante é a sensação de vertigem mental que me impede de concentrar a minha atenção, aliás quase inexistente, sobre qualquer tarefa. Dizer que estou cansado seria um efemismo. Fisicamente, estou perfeitamente capaz de correr uma maratona. Mentalmente, estou mesmo bom para ser um actor num dos filmes de George Romero - não um dos actores que fala, empunha armas de calibre pesado e tenta sobreviver, antes os outros actores - os que murmuram brains, brains, brains com voz arrastada enquanto tentam devorar aqueles que estão vivos.
Sim, estou um perfeito zombie. Sem que um pensamento consciente me atravesse o cérebro em decomposição, meramente me arrasto pelas ruas e estradas dessa civilização em queda.
Para curtir o chillout de sexta-feira pós-laboral, recomento a audição de Music from Outer Space by Frank Comstock. Um disco de 1962, puro pop muzak, cheio de orquestrações melífulas e sons inquietantes do theremin, num registo puro space age, de uma estranheza pop fascinante.