quarta-feira, 28 de setembro de 2005

Videovigiem-me, por favor

DN | Videovigilância ajuda 'caça' à multa

Ontem o ministro da administração interna anunciou duas moderníssimas medidas para ajudar a combater a sinistralidade nas estradas e as infracções ao código. Uma, é a equiparação legal das imagens das câmaras de video às observações dos agentes. Outra, é a dotação das patrulhas de tablet pcs e pocket pcs para que eles tenham acesso a todas as informações relevantes, na hora e na ponta dos dedos.

A primeira medida é de temer. O uso legal das imagens das câmaras de video é um passo lógico, e que já foi tomado noutros países da união europeia, com bastante sucesso e não só ao nível rodoviário. Basta olhar para o caso de londres, com uma câmara em cada esquina, cuja taxa de criminalidade decresceu em flecha nas zonas vigiadas. Quanto à adopção da medida em portugal, acho-a correcta. Só temo uma aplicação à portuguesa, à xico-esperto. O ministro não precisou que as estradas que ficaria sob videovigilância estariam devidamente identificadas, para que os condutores saibam que estão a ser vigiados. Temo, por isso, que esta medida governamental se torne numa forma high tech de caça à multa. Isto se não houver, nas estradas abrangidas, sinalização clara que iniba os comportamentos dos condutores. Num mundo perfeito, seria assim. No japão, existem paineis que exibem a velocidade de um dado veículo, e não são necessários outros "incentivos" como multas e penas de prisão para que os condutores reduzam a sua velocidade. Basta a vergonha de ser apontado como um acelera. Mas estamos em portugal... o que abre espaço à imaginação. Estou já a imaginar centenas de multas a choverem em casa dos condutores portugueses... apanhado a 52 km/h dentro de uma localidade por uma câmara que ninguém sabia que existia...

Que fique claro que não estou contra esta medida. Muito pelo contrário. A carnificina nas estradas tem de ser controlada. Espero é que seja bem aplicada.

Da outra medida não tenho medo. Sabendo que a capacidade das baterias dos tablets e pocket pcs se mede em horas, especialmente com as ligações wifi activas (como a utilização proposta exige), as máquinas passarão mais tempo ligadas à bateria do carro a recarregar do que nas mãos dos agentes. Também sabendo da opacidade dos ecrãs perante a luz solar, estou já a antever os agentes a esgazear os olhos para tentar perceber o que aparece nos ecrãs escurecidos. E, pior ainda, a plataforma escolhida foi pocket pc - o que quer dizer que esta solução sairá cara ao estado português. Não podiam ter escolhido palm (mais barata) ou Symbian (cem por cento europeia)?