Se o primeiro dia de aulas é sempre divertido, o segundo dia é de perfeita ressaca. O corpo, desabituado às delicadezas do levantar ao raiar do sol, arrasta-se para a escola por entre névoas de sono que teimam em não desaparecer há medida que o dia passa. Pelo menos os miudos rebentam de energia, o que nos contagia um bocadinho (mas só um bocadinho).
As primeiras impressões das minhas turmas até são boas. Terei uns reguilas, terei uns atinadinhos, terei alunos perfeitamente normais. Só o resto do ano dirá como será a evolução deles.
O que me anda a surpreender é a quantidade de antigos alunos meus, que o foram no quinto e sexto anos que leccionei aquando da minha primeira passagem pela Venda do Pinheiro, que vêm ter comigo para me cumprimentar e contar as novidades sobre a sua vida. É bom sinal - significa que devo ter deixado boas recordações naqueles alunos. E se isso aconteceu, é porque fiz bem o meu trabalho.
Se calhar, por mais que o negue, é à venda do pinheiro que "pertenço". Esta reação por parte dos meus ex-alunos fez-me pensar nisso. O que não deixa de ser um pensamento deprimente, sabendo com sei o que gosto daquele fim do mundo. Hoje, por exemplo, fiquei profundamente alarmado ao saber que um efectivo tem de penar pelo menos quatro anos numa escola antes de mudar de quadro. Não tenho a certeza - foi um zumzum ouvido na sala de profes, secção fumadores (uma salinha-cubículo sempre mais animada e mais mal cheirosa do que a ampla sala reservada aos não fumadores). Mas... quatro anos? Quatro? Isso é tempo a mais!
Nesta semana, as entradas no blog estão mais curtas e esparsas. Assim o obriga o reatar do trabalho, e a distância percorrida de casa à escola, que torna os dias mais longos.