Colocado ou não colocado, eis a questão que angustia as mentes de tantos dos meus colegas da profissão docente.
Tendo ficado efectivo, foi-me agora negada aquela descarga de adrenalina típica dos momentos que antecedem a descoberta dos resultados do concurso de professores. Velhos tempos, em que eu tremia, madrugada fora, frente ao teclado enquanto a minha lenta mas fiável ligação de banda estreita negociava o descarregar de mais uns cruciais pacotes de bits de informação dos servidores sobrecarregados do ministério da educação. O coração batia descompassado e a cabeça alucinava, correndo milhentos pensamentos que invariávelmente oscilavam entre o estarei desempregado, estarei longe de casa, e que nervos o que é que eu irei encontrar e onde.
Finalmente o monitor renderizava a resposta ao pedido, e eu lá descobria, sentindo um imenso alívio, em que escola ia leccionar.
Agora que estou empregado ad eternum, até cair de morto, essas emoções estão-me negadas. Resta-me ajudar aqueles que conheço que estão na situação em que eu estive; no dia em que perder as memórias e a noção dos tempos menos fáceis será o dia em que a minha contribuição para a sociedade deixará de fazer sentido.