segunda-feira, 4 de julho de 2005

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Caríssimo Blog:

Hoje foi dia de reunião de professores. Nunca cessa de me surpreender as atitudes que um grupo de professores fechados numa sala revela. Aquelas mesmas pessoas que aos alunos exigem obediência total, silêncio respeitoso e atenção concentrada, são as mesmas que numa reunião, ou numa acção de formação, conversam, fazem barulho, criticam abertamente e estão desatentas. Ou seja, comportam-se tal com os alunos se comportam, com a agravante da hipocrisia. Exigem aos alunos aquilo que não cumprem... e ainda se manifestam, ofendidos, quando os alunos apresentam o mesmo comportamento que estes professores. Vá-se lá saber o que se passa nestas mentes docentes.

Cá por mim, fiel aos meus princípios, prefiro passar as reuniões a desenhar, ou a simplesmente rabiscar, se a inspiração não for muita. Pelo menos não incomodo com conversas da treta ou manifestações indignadas pelos sacrifícios exigidos aos professores. E poupo forças e paciência para as burocracias que preenchem a carreira docente - os intermináveis relatórios, as eternas planificações, os registos de objectivos competências saberes aprendizagens que no fundo são tudo o mesmo, mas que para efeitos de profissão docente devem ser bem especificados, distinguidos e compartimentalizados.

Sempre que elaboro um relatório, preencho uma grelha, ou contemplo trabalhos semelhantes feitos pelos meus esforçados colegas, admiro-me. A plasticidade da língua portuguesa, a sua capacidade em modelar palavras em inúmeros sentidos desprovidos de conteúdo, os floreados textos vazios que permite construir, espantam-me.