Continua o ataque. Ontem à tarde vi excertos da repetição do programa Diga Lá Excelência da 2: com um asqueroso Rui Rio a debitar pérolas contra a função pública. Entre o muito que ele disse, encontra-se a opinião de que, com o clima de imobilismo que reina na função pública, ele surpreende-se que ainda existam funcionários públicos dispostos a trabalhar. Pois é, caro Sr. Rio, cá pelos lados da educação, temos milhares de funcionários públicos que se esforçam tremendamente no seu trabalho, com quase nenhum apoio ou incentivo do ministério que nos tutela. Mas é mais fácil dizer mal, e cortar, cortar, cortar. No entanto, quando questionado sobre os cortes que o governo está a fazer nos privilégios financeiros da classe política, aqui já o sr. Rio se revelou. Apelidou as medidas governamentais de demagógicas, e mostrou-se indignado pelos ataques aos direitos da classe política. E ainda reforçou a importância de políticos bem pagos, para que a vida política atraia, segundo ele, pessoas de qualidade. Caracterizou o trabalho de um responsável político como de extrema dificuldade, utilizando o clássico argumento de que quem está de fora, não percebe. Há aqui alguns argumentos contraditórios - pelos vistos, os funcionários públicos devem ser mal pagos para que produzam mais, e os políticos ainda mais bem pagos. Mas pergunto-me, se com todos os privilégios de que a classe política goza (as acumulações de salários chorudos, as cumplicidades financeiras, as reformas milionárias por passar uns tempos num cargo público atraem o tipo de pessoas que hoje temos na política, nem quero imaginar a cambada de sicofantas gananciosos que se dedicariam alegremente a delapidar os nosso recursos caso os políticos tivessem ainda mais privilégios. Talvez a política do governo mostre quem é que realmente está na política para beneficiar o povo português, e quem é que está na política para se beneficiar a si próprio. Talvez, penso eu humildemente, se a classe política tivesse menos privilégios, só lá estivesse quem realmente quer melhorar o país.
Outro ataque: rumores divulgados nos telejornais indicam que bruxelas prepara um relatório sobre a ineficácia da política do governo para superar o buraco financeiro português. Sugestões: mais cortes na despesa pública (talvez privatizar escolas, forças armadas e sistema de saúde resolva o problema) e uma forte crítica ao aumento do iva para 21%, visto que este irá estimular a fuga de capitais.