segunda-feira, 25 de abril de 2005
Os Cravos
Os Cravos
25 de Abril
Hoje é o dia 25. Feriado. Comemora-se a revolução dos cravos.
O 25 de abril está mais reservado aos indefectíveis, à geração dos cravos, à geração que fez e viveu o dia 25. Para nós, o feriado é mais uma curiosidade histórica, como o dia da restauração da independência ou o dia 5 de outubro. O 25 de abril está a cair, lentamente, no esquecimento, e ainda bem que assim acontece. Não podemos estar eternamente às voltas com os ideiais que caracterizaram o 25 de abril. Foi um momento importantíssimo da nossa história, um momento crucial que levou ao fim de uma ditadura atrofiante e ridículamente provinciana, e que criou as condições para o Portugal moderno - uma terra que, longe de ser perfeita, evoluiu imenso nestes últimos 30 anos.
Há sempre vozes saudosistas que se lembram dos bons velhos tempos pré 25 de abril. Mas quais bons velhos tempos? Os bons velhos tempos da pobreza generalizada, do analfabetismo reinante, do portugal dos pequeninos, da pide, das oligarquias industrias, da guerra colonial, da completa inexistência de direitos sociais, da falta de condições de higiene, saúde, educação, habitação, emprego construtivo, saudades dos bons velhos tempos do "vinho que dá pão a um milhão de portugueses?
Sem 25 de abril não teríamos o portugal moderno, em franca evolução cognitiva, económica e tecnológica, país integrado na união europeia que tem, melhor e pior, de forma pouco uniforme e, a nosso ver, impacientes como somos, de forma lenta, evoluído intensamente nestes trinta anos. Se antes do 25 de abril andávamos de carroça por caminhos abertos nos campos, hoje deslocamo-nos de automóvel através de modernas autoestradas. E são inúmeros os exemplos de evolução, desde o uso de telemóveis à pujança das empresas da nova economia (e aqui na Ericeira temos um exemplo excepcional de empresa de software de nível mundial). Também são inúmeros os exemplos da evolução que ainda falta em portugal, com as mentalidades ainda presas à noção de portugal dos pequeninos, à ideia de desenrasque e à preponderância do fazer pela vida em vez do aproveitar uma vida. Mas as mentalidades são sempre mais lentas a mudar, e as novas gerações já apresentam cada vez menos sinais desta antiquada mentalidades provinciana.
Se hoje quase esquecemos o 25 de abril, é bom sinal. É sinal que o 25 de abril foi um sucesso, e que as transformações que propiciou à sociedade portuguesa estão a mudar profundamente o país. Não é a perfeição, mas sic transit mundi…