Uma rapidinha. Acabei de ver no telejornal que, com grande fanfarra, é hoje inaugurada a casa da música, no porto. O edifício é lindíssimo, uma obra fenomenal de Rem Koolhas (um dos mestres da arquitectura contemporânea), mas já está com uma série de problemas. Primeiro, o atraso. Dois ou três anos sobre a data prevista. Depois, as guerrinhas mesquinhas entre os responsáveis das orquestras do porto, a salivar com o novo espaço. E, claro, uma tipicamente portuguesa: vai ser construído mesmo ao lado a nova sede de um banco... num espaço que deveria ser valorizado estéticamente.
Sr. Koolhas, note bem: mais alucinante que nova Yorque, é qualquer cidade portuguesa.
A nova ministra da cultura surpreendeu pelo seu provincianismo: quer declarar o imóvel património nacional. Não há dúvida que o edifício é importante, e belo; pela parte que me toca, não me importava de ver em portugal mais obras destes superarquitectos (como Gehry, Ando, Calatrava, ou tantos outros). Mas o edifício está a ser inaugurado. Não é um bocadinho prematuro? E não é um bocadinho provinciano declarar um imóvel património apenas por ter sido desenhado por um mestre da arquitectura? Certamente que estão por aí muitos edifícios projectados por arquitectos com menos renome, mas não de menos beleza.