domingo, 10 de abril de 2005

Blogs

Escrever um blog é um pouco como editar um programa de rádio. É certo que o blog é menos aural do que o rádio, mas mesmo assim as semselhanças estão presentes.

Ocasionalmente, ouço interessantíssimos programas de rádio quando estou a conduzir. Geralmente, programas da Antena 2, daqueles que não se limitam a por o cd a tocar. E sou sempre atacado pelo mesmo pensamento: eu deveria seguir regularmente este programa. Porque a música é nova, e/ou interessante (a música clássica não se caracteriza exactamente como nova). No entanto, a menos que por acaso me encontre à mesma hora no carro a conduzir, difícilmente voltarei a ouvir o programa. Mas não é por isso que ele deixa de ser emitido, que o locutor/apresentador realiza um profundo trabalho de pesquisas e organizações sonoras. E que tem de competir com dezenas, centenas mesmo, de programas semelhantes e dissemelhantes emitidos à mesma hora por dezenas de emissoras radiofónicas.

Temos vontade de nos fidelizarmos a um programa, mas isso é quase impossível.

Um blog é semelhante. Escreve-se, prepara-se, umas vezes com um forte trabalho prévio, outras vezes ao sabor da inspiração do momento. Talvez aquilo que escrevemos seja lido, talvez não. Talvez alguém passe e leia, registando o momento e firmando a sua vontade de, um dia, regressar. Talvez regresse, talvez se esqueça.

Então, o que nos leva a escrever, dia a dia, palavras que serão inevitávelmente consignadas ao esquecimento do éter tecnológico?

E porque não?

E já agora, como escrever blog? Blog? Blogue? Blogs? Blogues? A verdade é que a palavra em si é pouco inspiradora, faz lembrar algo de balofo e gordurosamente pesado...