Porque há coisas que não devem ser ditas, por que há pensamentos que não podem ultrapassar os limites da caixa craniana. Porque, porque... não somos robots, reagimos com emoção, e não somos capazes de perceber. Perceber o ridículo quotidiano, perceber as perversões, perceber o porquê das razões íntimas. Perceber porque se aguenta, tolera e suporta. Perceber porque se está mais além, e porque se suporta aquilo que é inferior. E porque não? Nada há como uma boa dose de abnegação e resignação para nos sentirmos superiores, metafísicamente mais elevados do que o comum nesta humanidade fétida.
Vermes. Vermes a chafurdar no esterco. Olho para a humanidade e é só o que vejo, o que me deixa arrepiado, temendo o contágio. Tanta tristeza, guerra, pobreza, ganância. Somos pouco melhores do que os animais.
5 mil milhões de pessoas sobre o planeta. Poucas são aquelas que conseguem elevar-se ao nível humano. A maioria chafurda na ignorância da pobreza, da ganância. E entre aqueles que são capazes de ser, realmente, humanos, a maioria chafurda no atoleiro cultural criado por seres gananciosos, que pouco se importam com outros destinos que não os deles. Poucos escapam, menos sobrevivem, quase nenhuns transcendem.
Pouco mais somos do que pilhas de carne fétida e ambulante, convencida que é algo de transcendental. Ossos corroídos, carne pútrida. Pensamentos impuros, lixo fétido ambulante.
Não é que não haja esperança. De entre milhões de formigas mentecaptas, estatísticamente é impossível que não haja transcendências. Se assim não fosse, nem valia a pena sermos humanos, pois as grandes obras de arte, arquitectura, pintura, música, filosofia e literatura que nos dão vontade de ser e transcender nem existiram.
Não percebem? Se souberem procurar, encontrem. Mas têm mesmo de saber...