Ontem aconteceu-me uma coisa divertidíssima. A Paula, a minha colega, convidou-me para a ajudar num projecto de embelezamento do espaço escolar - a construção de um relógio de sol. O projecto tinha de ser enviado para o ministério da educação até ontem, e ontem foi.
Ontem à tarde, com o stress pré-envio, a minha colega lembra-se que lhe faltava explicar as razões que a levaram a criar o tal projecto. Sabendo-me useiro e vezeiro nas dialécticas sofistas que o interpolar de palavras permitem, ofereci-me para esgalhar um textinho. Lá o fiz, mas quando chegou a parte sobre dizer algo sobre o patrono da escola, António Bento Franco, bloqueei. Nem faço ideia quem era este Bento, e muito menos a minha colega...
Ela desenrascou-se. Disse-me que o Bento Franco havia sido um "artista multifacetado". Largámo-nos a rir que nem uns perdidos, com o ridículo da situação. Nenhum de nós faz a mínima ideia do que o homem fez com a sua vida, mas não hesitámos em chamá-lo de artista multifacetado...
Agora, levanto a questão: quantas vezes, em quantas redacções ocupadíssimas, quantos jornalistas recorreram a estes estratagemas para entregar um artigo a tempo e horas?