domingo, 6 de fevereiro de 2005
The Others - Os Outros
The Others
The Others na IMDB
Vi ontem, em casa de uns amigos, um curiosíssimo filme. Na ilha de Jersey, algures após o final da II guerra, vive numa mansão vitoriana uma mulher comf filhos problemáticos. Grace, a mulher, vive com dois filhos que ela crê serem fotossensíveis (uma fortíssima alergia à luz) isolou-se do mundo numa casa onde as cortinas estão sempre corridas, e onde todas as portas estão fechadas à chave.
A chegada de três curiosos novos empregados vem alterar as rotinas instaladas na casa. Grace convence-se que a casa está assombrada - ouve ruídos, as crianças falam de presenças perto delas, as cortinas abrem-se, as portas abrem-se sem explicação aparente. Como pormenor macababro, Grace descobre um album de fotografias onde todos os fotografados parecem estar a dormir. A estranha governanta informa-a que as fotografias são de pessoas mortas - um costume do século xix, que consisitia em fixar uma última recordação dos defuntos através de uma chapa fotográfica onde eles pareciam dormir em paz.
As assombrações continuam. E a casa, sempre rodeadada de um nevoeiro pesadíssimo, parece isolada do mundo.
O final do filme é surpreendente. Descobre-se que os três estranhos empregados da casa são fantasmas - há, inclusivamente, uma fotografia deles tirada post mortem. E Grace fica fechada em casa, com os filhos e as assombrações, enquanto os empregados observam friamente do exterior da casa.
O final do filme é um cresecendo de terror clássico, com um amontoar de situações aterrorizantes que levam à revelação final de que as assombrações, os outros, eram pessoas vivas. As presenças que as crianças viam eram mediums em sessões espíritas. E os fantasmas, eram Grace e os seus filhos, incapazes de compreender que morreram, incapazes de abandonar a casa onde viviam. Os três estranhos empregados estavam apenas a tentar ajudar Grace a perceber isso, e a ajudar a expulsar os intrusos (os vivos) da casa.
É uma história de terror contada do ponto de vista dos fantasmas. Geralmente, este tipo de histórias conta o ponto de vista contrário.
Como nota final, gostava de salientar o brilhantismo da fotografia e da realização. O filme é passado no meio do nevoeiro, e as cores são frias, escuras, soturnas, suavizadas pelo nevoeiro omnipresente. Apenas Grace utiliza tons vermelhos nas roupas que usa. O único toque de calor é o da luz dos candeeiros que ilumina a reclusa vida das crianças.
A realização de Alejandro Amenábar também é curiosa. O filme avança com um passo lento, mas seguro. Tudo tem o seu tempo, tudo é revelado na altura certa. Se bem que se adivinha o final do filme muito antes deste acontecer, o final não deixa de ser altamente surpreendente.
Saliento também o facto de o filme ser uma produção espanhola, rodada na Cantábria. E como curiosidade final, note-se que as crainças afectadas com xeroderma pigmentosum, uma doença genética raríssima, não podem ser expostas à luz solar. O que faz levar a pensar que o filme é sobre doenças genéticas, mas o tapete é-nos tirado debaixo dos pés...