sexta-feira, 14 de janeiro de 2005

Epónimos

Li, recentemente, um curioso livro chamado "Dicionário do nome das coisas". O livro fala sobre a história das palavras, e está cheio de curiosos pormenores sobre os segredos contidos nas palavras que dão nome às coisas.

América - descoberta por Colombo, a américa deve o seu nome a um geógrafo alemão, Martin Walseemuller. Quando este publicou em 1507 um atlas, assinalou o continente como americi terra vel america porque, entre as suas fontes, encontrou cartas de um Américo Vespucci, em que este afirmava ter descoberto em 1497 o que Colombo descobrira em 1492.
Walseemuller ainda tentou rectificar o erro, mas o nome já se havia espalhado. Não deixa de ser apropriado que a américa deva o seu nome a uma mentira.

James Bond - quando Ian Fleming criou o super agento secreto, herói de mirabolantes aventuras e consumado e refinadíssimo ladies man, inspirou-se no nome do autor do seu livro favorito, As Aves das Antilhas, do ornitólogo... James Bond.

Hermético - algo selado, impenetrável, incompreensível e acessível apenas a iniciados. Vem de Hermes Trimegistus, deus grego das magias, e identificado com Tot, deus egípcio e mestre da escritura, e também identificado com o latino Mercúrio - daí Trimegisto: Hermes, Tot, Mercúrio.

La Paliçe - temos um ministro, Felix, que gosta muito de invocar as verdades de La Paliçe. A origem está na deturpação de uma canção de guerra que glorificava o tal La Paliçe, herói françês de uma batalha em 1525. A canção rezava:
O senhor de La Palice morreu
Morreu diante de Pavia
Um quarto de hora antes de morrer
Ele ainda vivia
Por isso, La Paliçe tornou-se sinónimo de afirmações óbvias e inúteis.

Vatel - sinónimo de cozinheiro de grande categoria e renome. A origem está em Fraçois Vatel, notável cozinheiro do século XVII, que se suicidou cravando uma espada no peito para evitar a desonra de um cozinhado mal feito.

Estas, e outras pérolas, in
Dicionário do nome das coisas
Orlando Neves, Notícias Editorial, 2003
isbn - 972-46-1508-1