Páginas

segunda-feira, 30 de junho de 2025

BD Portuguesa: 39; Nightmare Tales; Aspirina.

Vítor Rocha (2024). 39 Salvador Pedreiro - O Rial do Pazo. CLPC/Associação José Afonso/Bedeteca de Beja.

Azares, pensaria a minha conta bancária caso tivesse sentiência. Numa recente viagem ao Porto descobri que tinha tido a pontaria de acertar num dia em que a Mundo Fantasma organizou uma feira de BD  independente. Não resisti, claro. Encontrei por lá alguns trabalhos notáveis, que não resisti a trazer comigo. Este 39 foi um deles. Esta narrativa gráfica ficciona algo muito real, a história daqueles que no Portugal pobre e amordaçado do estado novo, tiveram de emigrar para tentar ter uma vida melhor - emigrando a salto, passando a fronteira em locais ermos passados por passadores, arriscando a vida perante os esforços da GNR e Guardia Civil. A história traça-se sobre depoimentos e memórias, funcionando como forma de documentar elementos históricos que hoje não podem ou devem ser esquecidos.

Miguel Gonçalves, Damian Connelly (2025). Nightmare Tales. Nightmare Ink. 

Uma excelente surpresa, esta edição recentíssima (saiu em maio deste ano). Colige histórias curtas de terror muito puro e duro, com uma assombrosa ilustração a preto e branco. Miguel Gonçalves assina as histórias tenebrosas, cada qual um curto conto bem desenvolvido e eficaz. O trabalho gráfico de Damien Connelly complementa de forma excelente as histórias. O estilo é fortemente expressionista e implacável com o leitor, num efeito final muito belo sobre o leitor.


Filipe Duarte (2023). Aspirina. Associação Tentáculo/H-alt.

Já sigo o trabalho do Filipe Duarte há alguns anos, tendo acompanhado a sua evolução estilística, quer em capacidade gráfica quer narrativa. Este Aspirina colige vários trabalhos publicados na revista H-Alt, e funciona bem como uma amostra da sua evolução. As histórias vão da FC pura ao terror, escritas por autores como Carlos Silva e André Mateus, que tem sido o argumentista das aventuras editoriais mais longas. Uma boa leitura, a recordar o também notável trabalho da H-alt como criadora de espaço para novas vozes.