quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Ai ai...

8. A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?”

Foi para esclarecer esta questão que hoje ouvi várias entidades com responsabilidades na área da segurança. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades e pedi que se estudasse a forma de as reduzir.
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Do fascinante comunicado do sr. Presidente da República ontem à noite. Não invejo a pele dos administradores de sistemas da presidência da república. Para lá de terem que lidar com os habituais problemas de segurança, ainda têm que lidar com um superutilizador que descobriu, ao fim de uns anitos, que... horror dos horrores! A internet não é segura! E insistiu em comunicar esta intrigante descoberta a todo o país.

O que me preocupa é que é este homem que promulga leis que podem interferir com as liberdades e direitos na era digital. Se calhar é daqueles utilizadores que precisa de um técnico ao lado para lhe ligar o computador e abrir os programas que precisa.

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Deep cool: um script para 3DS Max que gera edifícios procedurais. Traduzido: em vez de modelar os elementos do edifício é um algoritmo que gera o edifício em 3D. Podem descarregar o script aqui: Building Generator.

(via JG3D.)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

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This Will All End In Tears



This Will All End In Tears

Joe Ollmann (2006). This Will All End In Tears. London: Insomniac Press

Escrita e ilustrada pelo desenhador canadiano Joe Ollmann, This Will All End In Tears é uma viagem desapiedada pelas obsessões e peculiaridades de vidas perdidas nas vastas expansões do desolamento urbano e cinco história amargas, inconclusivas, onde o íntimo de personagens inadaptadas é analisado ao bisturi. Ollmann lida com sentimentos de desolação, inadaptação e solidão num estilo gráfico próximo do de Ben Katchor.

O pormenor curioso deste livro é a inconclusividade das histórias. Ollmann dá-nos o início, mas termina sempre a um passo do que seria a conclusão lógica das desventuras das suas personagens. Dá-nos um vislumbre do que pode estar do outro lado mas termina fechando a porta, num artifício literário desconcertante e inquietante.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

The Making Of Second Life



Amazon | The Making Of Second Life

Wagner James Au (2008). The Making Of Second Life. Nova Yorque: HarperBusiness

O Second Life destaca-se no panorama dos mundos virtuais pela sua abrangência, capacidade de cativar utilizadores e abertura. Neste livro, o jornalista Wagner Au recolhe de uma forma coerente as suas impressões registas nas crónicas que escreveu ao longo de vários anos a desempenhar um papel invejável: o de jornalista oficialmente embebido no mundo virtual, com total liberdade para explorar, contactar utilizadores e técnicos de desenvolvimento. As crónicas foram sendo publicadas no blog do autor sobre o Second Life e no seu conjunto traçam um panorama completo da génese e desenvolvimento desde espaço virtual único.

Um dos mais curiosos factos que Au desenvolve no seu livro é a surpresa que o Second Life se tornou para os seus criadores. No seu início, o mundo estava destinado a tornar-se mais um mmorpg temático, mas os seus criadores cometeram um erro fundamental: ao invés de criarem um mundo a partir de uma ideia base (como as extensões online de jogos de computador) criaram um espaço virtual e começaram a experimentar modos de jogar, abrindo desde muito cedo o mundo virtual aos utilizadores. Esse erro tornou-se a maior virtude do Second Life. Sem linhas condutoras especificadas, e pouca clareza nos objectivos, os programadores e utilizadores fizeram evoluir um ecossistema virtual em que as ideias pré-concebidas (como, por exemplo, uma iteração inicial do Second Life como mundo de combate estratégico) foram sendo anuladas pelas tendências de uso dos utilizadores. O resultado final está à vista: um mundo aberto, onde cada utilizador desempenha o papel que bem lhe apetece e onde utilizadores avançados criam novos recursos e novos espaços. E sim, isso inclui zonas de combate... embora restritas e desvalorizadas pela maior parte da comunidade de utilizadores.

Au centra-se na metáfora do festival Burning Man, que todos os anos reúne no deserto uma cidade improvisada dedicada às artes e tecnologias alternativas, como o ponto de viragem que definiu o Second Life. Cita até um dos seus autores, que regista um momento de epifania sobre o mundo sentido no espaço físico de um acontecimento também virtual como o Burning Man. Mas sublinha também as tendências dos utilizadores que se dedicaram, em puro pro-suming, a definir e redifinir, convergindo para áreas de interesse e abandonado áreas menos interessantes.

A questão da monetização é abordada muito cedo no livro. O Second Life tem um modelo de negócio em que todos podem ser utilizadores gratuitamente mas aqueles que desejam criar algo têm de adquirir espaço virtual. Daqui surgiram duas tendências interessantes: uma nova economia virtual, criada por utilizadores que rentabilizaram espaços e objectos virtuais apoiando-se na capacidade de conversão do dinheiro virtual para dinheiro real; e a tendência, ainda muito em voga, de entidades corporativas afirmarem presença no Second Life como forma de atrair consumidores. Neste segundo aspecto a análise de Au é devastadadora: apesar dos milhões enterrandos por grandes empresas no Second Life, os utilizadores favorecem os espaços criados pelos próprios utilizadores, comerciais ou não. É uma encarnação de uma das máximas da internet: consumidores e produtores de contéudos estão ao mesmo nível, com o que tradicionalmente seriam apenas consumidores a afirmarem-se como produtores concorrendo em pé de igualdade graças à capacidade de nivelamento dos espaços virtuais.

O autor não esquece o aspecto social do Second Life, talvez o mais atractivo para os utilizadores. Aborda as comunidades que surgem entre os utilizadores e destaca casos particulares, como o da possibilidade de e-elarning via second life ou o potencial para dar voz e corpo virtual a utilizadores com necessidades físicas ou mentais especiais. Outro aspecto que foca prende-se com questões de raça e género, observado fenómenos como os de troca virtual de sexo (em que um homem assume um avatar feminino ou vice versa) e de raça (em que utilizadores assumem avatares de outras etnias) ou parafilias, desde os inócuos furries a parafilias mais perigosas que levaram a intervenções firmes por parte dos utilizadores e da empresa que gere os servidores que alojam o mundo virtual.

É esta outra questão que Au aborda: quem manda no Second Life? A empresa que o criou e gere os servidores, a Linden Labs, ou os seus utilizadores? A resposta, como seria de esperar nas fronteiras do mundo digital, é complexa. A Linden Labs funciona como uma espécie de governo de um estado virtual, que intervém muito pouco mas de forma decisiva, normalmente em caso de abuso. Os utiliazadores não temem protestar e criar movimentos contra medidas aplicadas quando estas entram em conflito com os seus interesses.

The Making Of Second Life é um retrato fiel da evolução de um espaço virtual único, onde a fantasia se concretiza ao critério de cada utilizador e onde o virtual transborda para o real.

domingo, 27 de setembro de 2009

Névoa

Saio de entre as ondas tranquilas. O sol aquece o suficiente para secar a pele molhada. Por entre as rochas uma névoa vai alastrando, pachorrento. Ao largo um veleiro navega em direcção ao nevoeiro, dissolvendo-se do azul ao cinzento.

Parece cena estereotipada de filme ou romance barato. Mas não. Praia do Forte, por volta das duas da tarde.

Inversão



Não votar é fixe. Por isso fique por casa ou vá dar uma volta ao centro comercial. Não vote e depois não se queixe. É melhor assim. Não tenha a veleidade de pensar que o seu voto vai mudar alguma coisa. Por isso deixe-se estar, é o melhor que tem a fazer. Afinal, o redil tem os seus confortos. Não é assim tão mau quanto isso. E deixe as decisões nas mãos de quem tem competência para as tomar.

(Obviamente estou a inverter o raciocínio. Vá mas é votar. Vote útil ou inútil, com a razão ou o coração, em consciência ou inconsciência. Mas vote.)

Leituras

Peopleware | Phoenix desenvolve boot instantâneo O tempo que um computador demora a arrancar é uma das coisas mais chatas dos pcs. Há truques para acelarar o arranque mas este tempo de 1 segundo ultrapassa largamente os mais eficazes gestores de arranque.

io9 | Finally, A Personal Transportation Device That Looks Dorkier Than A Segway Wtf? Este protótipo de veículo de mobilidade individual é levemente homoerótico.

Make: | Layar AR goes 3D A realidade aumentada ao alcance de todos já é um facto. Não são necessários equipamentos futuristas saídos de sonhos cyberpunk: basta um smartphone ou um pda com conectividade à internet equipados com browsers como o Layar ou similares (este, por enquanto, só funciona nos Androids). A equipe de desenvolvimento está a dar o próximo passo lógico: integrar o 3D no browser, criando uma película virtual apelativa entre a imagem que vemos com os nossos olhos e o fluxo de dados captado pelo telemóvel.

OLPC News | OLPC in Ethiopia: Some Thoughts on Why Not Uma visão pessimista da aplicação do projecto de computadores para crianças do MIT na Etiópia. O relatório apresenta falhas inerentes ao raciocínio - o facto das crianças etíopes precisarem de ver resolvidos problemas mais prementes como alimentação, saúde, alojamento e acesso a escolas, mas essa é uma das questões que o projecto OLPC pretende ajudar a resolver a médio prazo. Introduzindo o digital às crianças é uma forma de abrir horizontes e, a médio e longo prazo, criar novas oportunidades económicas. Não é fácil mas é possível. A outra grande questão aplica-se muito bem ao caso português do PTE e do Magalhães. Os computadores precisam de gestão física e electricidade. Como garantir isso a longo prazo? O risco de projectos desta índole mal pensados está na aplicação a curto prazo das máquinas... e a médio prazo um problema gigântico de hardware avariado. Faz lembrar qualquer coisa? Talvez a falta de apoio técnico ao computador Magalhães. Como é que se pode garantir uma boa utilização generalizada se parte deles apresenta problemas e avarias? Qualquer professor que utilize computadores sabe bem que basta um ou dois a funcionar mal para prejudicar o fluxo de trabalho e desestabilizar a turma. Mesmo que se percam cinco minutos a resolver o problema, são cinco minutos de trabalho perdido. E no caso etíope mostram um exemplo que me faz lembrar a quantidade de material tecnológico obsoleto e não utilizado que pulula nas arrecadações de material das escolas. A Etiópia - país não exactamente no índice dos países mais desenvolvidos, como se sabe, apetrechou todas as escolas com ecrãs de plasma, boa parte dos quais ficaram não funcionais ao fim de alguns meses. Por outras palavras, cuidado com as utopias tecnológicas: é preciso planeamento e capacidade de manter sustentabilidade a longo prazo para que elas tenham sucesso no terreno.

Público | Plano Tecnológico está “à deriva”, dizem pais e professores Pois é, chove material informático nas escolas e as dores de cabeça de gestão são mais que muitas. Falo com total conhecimento do caso. Sei bem o trabalho que dá gerir as entregas do PTE. No meu caso, optei por colocar a funcionar o maior número de material possível sem esperar pelo completar do PTE, com muito esforço pessoal apoiado por alunos, alguns dos quais sacrificaram dias de férias para me ajudar a montar os equipamentos e sacrificam intervalos e horas livres para verificações e manutenção. No entanto cada vez mais sinto que isto está errado. Durante anos o parque informático da escola degradou-se ao ponto da inusabilidade e agora caem enxurradas de material... que era necessário há dois ou três anos atrás.

Schneier on Security | Monopoly Sets for WWII POWs: More Information Curiosidade intrigante: o jogo do monopólio foi utilizado como forma de fazer chegar mapas a prisioneiros de guerra britânicos aprisionados em campos de concentração alemães na IIº Guerra Mundial.

Gizmodo | Get Nervous: Rusty Soviet Doomsday System Still Turned On Onde é que eu já vi isto? Pois, naquele filme de Kubrick chamado Dr. Strangelove. Parece que as cúpulas militares soviéticas se inspiraram no dispositivo do dia do juízo final e criaram um sistema similar, o Perimetro. É um sistema semi-automático capaz de assegurar uma reposta nuclear devastadora mesmo que as cúpulas dirigentes e a liderança militar fossem aniquiladas num primeiro ataque. O sistema detectaria o impacto de múltiplos bombardeamentos e caso uma ordem de retaliação oficial não fosse dada trataria de enviar essa ordem para os soldados nos silos de mísseis protegidos. O último elo da cadeia seria o oficial responsável pelo lançamento dos mísseis do silo, podendo escolher não carregar no botão, mas quem sabe que a sua terra, a sua casa, a sua família e amigos se tornaram em poucos segundos poeira radioactiva não tem tendência a tomar decisões racionais. A boa notícia? O sistema ainda está activo.

Boing Boing | Perfect Daily Mail headline Por cá nem o Correio da Manhã nos dias mais delirantes chega a este nível...

sábado, 26 de setembro de 2009

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Madame Xanadu



Wikipedia | Madame Xanadu
DC Comics | Vertigo

Criada originalmente nos anos 70 para a linha de comics com temas do oculto, mistério e sobrenatural da DC, esta curiosa personagem está a ser revista sob argumento de Matt Wagner em título próprio. Madame Xanadu é um elemento da famosa galeria de personagens secundários sobrenaturais das eras clássicas da Banda Desenhada que têm agora uma segunda e interessante vida nas mãos de argumentistas e desenhadores capazes na linha Vertigo da DC.

Madame Xanadu é uma oráculo imortal, com uma enorme sabedoria de magia naturalista. A raiz da personagem está nas lendas arturianas: Madame Xanadu foi originalmente a feiticeira Nimue, que perde os seus poderes após aprisionar o mago Merlin. A imortalidade não é fácil, e é adquirida à custa de poções que mantém a juventude e um acordo com a Morte na encarnação DC da personagem. Para os menos conhecedores esclareça-se que não é a visão tradicional de criatura esquelética coberta por um manto negro e de foice em punho, mas antes uma bonita jovem de estilo gótico e carinhosa na recepção inevitável no final da vida, tal como imaginada por Neil Gaiman no influente The Sandman.

Uma personagem recorrente da linha de continuidade de Madame Xanadu é o intrigante Phantom Stranger, que assume um papel ambíguo nas histórias da oráculo. Invariavelmente, Xanadu e Phantom Stranger encontram-se em momentos cruciais da história humana, que ele tenta manter tal como previsto e ela tenta influenciar para salvar as vidas dos que a rodeiam e evitar injustiças, mas sempre sem sucesso.

A corrente linha de continuidade de Madame Xanadu leva-nos a momentos na história como o império mongol de Gengis Khan, a Paris da Revolução Francesa ou a Londres Vitoriana enquanto Xanadu se envolve na vida do momento e joga um jogo de fugas e aproximações com Phantom Stranger. Consêntaneo com a linha da Vertigo, é um comic que vale a pena conhecer. Entretenimento escapista intrigante, inteligente e fascinante.

Pergunta indiscreta

Porque é que pagamos impostos? Porque é um dever social que garante serviços estatais a todos os cidadãos.
Porque é que temos obrigações legais? Porque é um dever legal que garante honestidade e isenção.
Porque é que sempre que precisamos de um documento para cumprir uma obrigação legal, temos de pagar? E quantias bem assinaláveis? Para garantir a sustentabilidade do serviço? Mas para isso não pagámos já impostos? E note-se que se as obrigações legais não forem cumpridas é muito possível que tenha que se pagar... sob forma de coimas.

Quanto mais lido como cidadão com o estado português mais me convenço que não passa de uma cleptocracia de contornos bizantinos.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sesta de sexta.

Oito e vinte: reunião ad hoc com o segundo elemento da equipe pte para ver se se dinamizam áreas de e-learning para alunos. Oito e meia: aula, clássica com técnicas tradicionais e sem recorrer a equipamentos digitais. Precisava de uns momentos de descanso. Dez horas: dar o tão adiado pulo à EB1 para montar um computador especial na sala de multideficiências. Sendo um caso especial, cedeu-se um dos novos pcs do PTE com capacidade para instalar uma aplicação desenvolvida para trabalho com crianças com fortes necessidades educativas especiais. A mãe da criança adquiriu a aplicação, nós cedemos um pc, só falta um ecrã sensível ao toque. Mas tenho a certeza que não demorará muito. As professoras de apoio educativa são exímias - e persistentes, a fazer pedidos com resposta. Instalei a aplicação com um daqueles teclados gigantes coloridos para crianças. Divertido. Onze horas: hora da tutoria. Enquanto o tutorando lê as dez páginas diárias do livro para apresentar em Língua Portuguesa, aproveito para voltar a ligar os velhinhos Ubuntus para os actualizar. Inexplicavelmente, a tradução para jovens do Moby Dick que se encontra na biblioteca renomeia o temível Capitão Ahab para Acab. Do meio dia até me despachar: recolher teclados, ratos e cablagens para juntar a três pcs para montar nas salas do jardim de infância do Milharado. É mau exemplo - supostamente a gestão do equipamento digital está a cargo da Câmara, mas no jardim de infância o único computador que existe foi doado por um encarregado de educação... mas estranhamente dispõem de multibanco. Daí a cedência de pcs antigos - neste caso, os ubuntus que aguentaram muito bem o espaço de informática dos alunos muito para lá das possibilidades do hardware. Colocar máquinas velhas a funcionar não é a solução desejável para o problema da falta de infraestruturas tecnológicas nas escolas. Cada vez mais dependemos de tecnologia e uma escola é um organismo que precisa de uma boa infraestrutura. Depender de doações de material semi-obsoleto geralmente dá mais dores de cabeça do que benefícios. Desencanta esta visão diletantista de uma escola cujos problemas se resolvem com boa vontade amadora.

Tudo isto antes de almoço. Ufa. O almoço foi mais pelas cinco da tarde, mas depois houve tempo para uma sesta.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Passeio

Ter um blog é como ter um cão. Há que levá-lo a passear pelo menos uma vez ao dia. Hoje o passeio é curto, nem dá a volta à esquina. São aqueles momentos em que não se tem cabeça para nada. E o calor opressivo não ajuda.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Enemy Ace



Wikipedia | Enemy Ace
Comic Book DB | Enemy Ace

Hans Von Hammer é um às dos céus, piloto temerário crente nos ideais de honra e valor com uma perícia inigualável aos comandos de aviões de combate. Cavaleiro dos ares, Von Hammer não hesita em abater o seu inimigo, mas respeita a coragem e o valor dos combatentes e é atormentado pela visão dos homens que enviou para uma morte flamejante nos céus.

Criado nos anos 60 por Robert Kanigher e Joe Kubert para as páginas do comic Our Army At War, Enemy Ace passa-se nos céus da frente ocidental da Iª Guerra, onde Von Hammer pilota um lendário Fokker Dr.I vermelho, inspirado no icónico Von Richtofen. Personagem tenebrosa, Hammer é um guerreiro nato capaz de levar a cabo as duras tarefas do combate com um elevado sentido de honra, mas sendo um ás de uma nação derrotada sofre também a desilusão perante a inutilidade do derramamento de sangue. Von Hammer é uma personagem trágica, que sobrevive pela sua perícia mas cujo optmimismo é destruído pelas vicissitudes da guerra.

As últimas aparições de Von Hammer surgem numa graphic novel, Enemy Ace: War Idyll e uma mini-série, Enemy Ace: War In Heaven. Escrita e ilustrada por George Pratt, Enemy Ace: War Idyll é uma eulogia das lendas dos combatentes dos ares, tornada apaixonante pelo brilhantismo da ilustração em aguarela. Já War In Heaven recupera o personagem para os céus da IIª Guerra Mundial, para a guerra assassina sobre a Rússia e os últimos meses desesperados sobre os céus da Alemanha.

Desvanecer

Foi a notícia que surpreendeu esta manhã: o programa Magalhães foi suspenso pelo ministério. Ou talvez não, como veio o inefável secretário de estado da educação, Valter Lemos (vává para os amigos e doutourado com uma tese que defende a abolição de sistemas de avaliação de alunos), foi apenas temporariamente suspenso, ficando a decisão da sua continuação para um próximo governo. A diferença entre suspender e adiar para as calendas gregas é muito ténue.

A confirmar-se, e a manter-se, esta suspensão assinala o falhanço rotundo de um dos programas mais ambiciosos do Plano Tecnológico na Educação. Que o programa nunca correu bem, nem sequer próximo do previsto, foi notório. O processo de entregas foi confuso, sobrecarregou professores ao invés de funcionários da empresa e o processo de pagamentos foi, no mínimo, surpreendente. Quem é que em sã mente envia por sms uma referência para pagamento sem que se saiba qual é a entidade? Bem, a Youtsu, gestora de entrega de computadores TMN e Vodafone fez isso. Ao invés, a ZON fez o preciso oposto - com ofícios atempados às escolas avisando que um sms com identidade identificada no ofício iria ser enviado e combinações de entrega de pcs apenas a responsáveis das escolas com data marcada. Ao fim de um ano de entregas, ainda se está longe dos 500.000 prometidos.

Quanto ao objectivo principal, de utilização na sala de aula, ainda se está muito longe do pretendido. Nem todos os alunos dispõem de máquina, as escolas não estão equipadas com wlans para tirar partido de recursos de aula virtual e a formação de professores é inexistente. Quanto à máquina em si, para lá dos problemas de software há a registar problemas de hardware inaceitáveis num equipamento supostamente à prova de crianças. E já nem falo na lógica de escolha do equipamento, preferindo hardware e software proprietário sobre alternativas abertas (mas aqui a presença da Caixa Mágica suaviza este aspecto).

De qualquer forma, o princípio do programa é meritório: permitir que todos tenham acesso à ferramenta elementar da sociedade digital. Podia não estar a ir na direcção esperada, mas tornou-se um facto ver crianças a utilizar o seu computador. Se calhar mais a jogar do que a estudar, mas a jogar também se aprende...

Se se mantiver esta suspensão (e, geralmente, quando acontecem destas a coisa é para manter) temo que um passo importante de combate à infoexclusão termine como mais uma peça semi-obsoleta colocada a um canto por falta de uso. Será um desperdício, de dinheiros públicos e de capacidades humanas. E do trabalho de todos os que no terreno tentaram andar para a frente com este projecto.

De certa forma, ainda bem que isto aconteceu. Quem está inserido no mundo da educação já se habitou a viver projectos revolucionários que de um dia para o outro desaparecem do mapa. Já perdi a conta às alterações curriculares, renovações pedagógicas ou revoluções conceptuais saídas dos pedagogos de gabinete ao longo dos meus dez anos de ensino que depois de muito trabalho e muita reunião dão... em nada. O desabar do projecto magalhães mostra publicamente uma característica própria das políticas educativas portuguesas: a tendência para desvanecerem pouco tempo depois de terem alterado o que já existia, sem resultados práticos ou avaliações de eficácia.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mudar os protocolos

Passei o dia de ontem em Lisboa, encerrado numa reunião/demo dinamizada pela PT que tentou dar a uma audiência de professores com responsabilidades na gestão do parque informático indicações sobre a migração das redes já existentes nas escolas para as novas redes implementadas pelo pte. Em resumo, há duas formas de fazer a coisa - a fácil, à vontade deles, e a difícil, à vontade das escolas; e, essencialmente, eles implementam e disponibilizam ajuda, mas o trabalho de migração fica sobre os nossos ombros. Óptimo. É sempre bom passar o meu dia de folga em serviço, numa reunião onde me explicam amavelmente que é bom eu ter mais trabalho.

Ainda por cima foi uma reunião típica para um público docente. Enquanto outras classes profissionais têm direito a sessões em hotéis com refeições ou pelo menos lanche, e em alguns casos cruzeiros, nós tivemos direito a uma sessão num hotel e pronto. Esqueçam lá esses pequenos mimos, são apenas professores. Nem um mísero café deslavado. Experimentem passar oito horas a ouvir falar sobre ips, active directory e edgeboxes sem um café. É violento.

Quanto ao famoso swag que se obtém neste tipo de demos... bem, resume-se a um cd-r com quatro pdfs. Pelo menos não vim carregado de papelada para colocar no ponto de reciclagem. Para dourar a coisa, a reunião foi em Lisboa, o que obrigou a enfrentar a Calçada de Carriche para deixar o carro no parque da Câmara ao lado do estádio do Sporting, uma vez que o hotel ficava em zona de reinado do parquímetro, coutada privada da EMEL. E com o dia de calor que estava ontem, muito melhor teria passado a folga na praia, embora o mais provável seria ficar agarrado ao computador a tratar do um pouco negligenciado mestrado....

Pormenor final: no caso da minha escola, rede, nem vê-la. O prazo de conclusão apontado terminou no dia 15 de Setembro e ainda pouco mais vi do que o plano de obra... mas não me interpretem mal o resmungo. O dia foi produtivo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

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Momento chungking express ali no puro sprawl entre a Gulbenkian e Sete Rios.

domingo, 20 de setembro de 2009

Leituras

Boing Boing | Internet "relief kit" brings sweet, sweet connectivity to disaster sites Ficar totalmente offline: um pesadelo. Mas este pacote de conectividade, desenvolvido por um activista para manter uma ligação à web nos piores locais do planeta (e onde a possibilidade de aceder - e transmitir, informação pode ser vital) promete ideias para se manter sempre online.

io9 | A Map Of Your Future Mega-Cities And Megalopolises Fetishismo urbano (o meu favorito): um mapa das megalópoles dos futuros imaginários dos comics, cinema, literatura de ficção científica e jogos de computador.

Vintage Photo Um telemóvel... nos anos 50? Se clicarem no link vão ser redireccionados para uma página de aviso sobre contéudos inapropriados a menores. Não temam, e sigam, a menos que considerem sexualmente perturbadora a imagem de uma mulher sentada em fato de banho na esplanada de um hotel a segurar um telefone de campanha da II Guerra Mundial. E se é esse o caso, então são ainda mais pervertidos do que eu e recomenda-se sériamente tratamento psiquiátrico.

Next Nature | Fruit4Day Capitalizando nas modas e necessidades de vida saudável, os novos sumos de fruta concentrados prometem fornecer as necessidades vitamínicas de uma ou duas peças de fruta. Tudo numa embalagem conveniente que basta abrir e beber, sem cascas ou caroços para empatar. No entanto, pergunto-me se este não é um caso de conveniência excessivamente conveniente?

Whitechapel | London Zoo: The New Normal: Things that once were acceptable which are no longer. É um dos elementos definidores dos choques do futuro: apercebermo-nos que há coisas que há uns tempo seriam inaceitáveis, definidas como loucura, idiotice, inconveniência, rudes ou ofensivas que de repente se tornaram normais ao ponto da banalidade. Um exemplo? Tentem puxar de um cigarrinho depois de jantar num restaurante... e não é só uma questão legal.

sábado, 19 de setembro de 2009

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Meio dia.

Morte dos anos 80

Duas mortes pop recentes: Michael Jackson, o dançarino do moonwalk, lider de zombies e ícone da Pepsi, e Patrick Swayze, herói de dois dos mais irritantes filmes delicodoces que acelaravam as batidas cardíacas das adolescentes da época. São mais do que mortes de indivíduos, são o início do lento fenecer dos anos oitenta.

O Karate Kid, que kid nunca foi, já será avô. E o avô do kid já foi para o great gig in the sky. O Rambo é um espectro envelhecido e Chuck Norris é um deus dos memes da internet. Jason e Freddy já não nos dão pesadelos. Quanto aos transformers, estão em onda de revivalismo breve alimentado pelo poder da animação 3D.

E quanto a nós, os adolescentes dos anos 80? Começamos a sentir o peso da inscrição das tumbas renascentistas. O que eu sou tu serás, o que eu fui tu és.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Leituras

Boing Boing | Logorama, animated "city of corporate logos" short by H5, debuts in LA at Flux tonight Surreal, au point sobre os dilemas da contemporaneidade, e possivelmente a merecer alguns processos de infracção aos direitos de autor por parte de grandes corporações ofendidas pela insinuação de espírito crítico: um filme onde tudo gira à volta dos omnipresentes logotipos.

Worldchanging | Fighting For The Right To Bike To School Uma curiosa pedagogia que quase apetece apelidar de americanice, se não fosse a tendência que estas ideias têm de se espalhar num mundo urbanizado hiper-consciente da segurança ao ponto da alergia: pais de crianças chamados à atenção das autoridades pelo "crime" de deixar os filhos fazer o trajecto casa-escola a pé ou de bicicleta.

Grinding | The Empty Armada Um mapa que localiza os navios vazios que flutuam ao largo de Singapura. Tantos contentores, tão poucos bens...

Next Nature | Tattooed goldfishes Tendência chinesa: adquirir peixes com as escamas tatuadas com caracteres. Um caso típico de futuro a descarrilar.

Gizmodo | Remember The AT&T Ads About the Future? You Will Se descontarmos os ecrãs de raios catódicos e as tablets quadradonas, estes anúncios da AT&T dos anos oitenta fizeram um bom trabalho de previsão do futuro.

XKCD | The Search Puro brilhantismo no webcomic mais zen da actualidade.

Intomobile | Preorders Open for Windows XP Phone Leram bem. Um telemóvel smartphone a correr windows XP. Made in China, where else?

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Leis de Murphy

Porque é que os esquentadores se recusam a funcionar nas manhãs fresquinhas em que se tem pressa para ir para o emprego? Porque é que não avariam nos dias de calor em que até sabe bem um duche de água gelada pela manhã? Por outro lado, quem gosta de dar umas braçadas nas praias da Ericeira já adquiriu alguma resistência à água fria.

Porque é que sempre que os responsáveis do PTE marcam reuniões/seminários/demos estas calham sempre em datas onde não posso porque estou noutro serviço mais urgente/não convém mesmo nada porque não dar a aula atrasa o trabalho dos miúdos na altura em que é mais preciso/calha precisamente no dia livre? Ainda por cima marcaram uma sessão de formação para as novas LANs que, no caso da minha escola, nem vê-la... apesar de ter data de conclusão prevista para 15 de setembro de 2009.

Porque é que depois de montar todos os computadores numa sala é sempre o último ponto de rede que falha, obrigando-me a ir buscar uma antena wifi que tinha arrumado minutos antes na arrecadação de material que fica a um andar e um pavilhão de distância?

E porque é que depois deste dia quente o fim de tarde se enregelou?

Pois, se algo pode correr mal, vai correr mal de certeza.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Problema resolvido.

Portugal no seu melhor. Esta tarde abri a minha caixa de correio electrónico e li uma mensagem vinda de um serviço de apoio ao programa eEscolas, onde me informava que à data da análise o problema por mim reportado já se encontrava resolvido.

Problema? Qual problema? Vasculhei os recantos mais empoeirados da minha memória, li com mais atenção a mensagem, dei conta da data da minha mensagem original... e lá me lembrei que em Maio estive a auxiliar sem grande sucesso alguns alunos a inscreverem-se no programa eEscolas. Frustrado depois de uma tarde inteira de volta do problema, liguei para a linha de apoio onde me recomendaram um contacto por email para a entidade responsável descrevendo o problema como forma de ter a resposta mais pronta. E realmente chegou... cinco meses depois.

Mereceu resposta. Apontei que era natural que passado tanto tempo o problema já estivesse resolvido. Ainda pensei em desejar a continuação de um excelente trabalho, mas aí estaria a ser mauzinho.

Pensamento Lógico

Não resisto. Até nem comento muito a actualidade política, mas há coisas que ficam a remoer. Já tinha dado conta desta nos tempos de antena, e no debate que reuniu partidos pequenos e movimentos cívicos ainda mais se notou. Tem a ver com o candidato do novíssimo Partido Trabalhista Português... que defende, entre outras coisas, que as crianças devem ter o direito a desenvolver a escrita e o raciocínio lógico (sub-entendendo-se que o magalhães e similares são má ideia, e não reparando que antes do magalhães já as crianças ficavam mesmerizadas pelos ecrãs, particularmente de um danoso em especial, motivador da cultura de batata de sofá). O reparo perante o raciocínio lógico é que sempre que o líder desta nova força abre a boca deparamo-nos com um perfeito exemplo de subdesenvolvimento do raciocínio lógico. O homem parece de facto desprovido de qualquer resquício de lógica.

Podemos encarar isto como um sinal de maturidade da nossa democracia. Quando um resmungão de café consegue convencer os amigos a ir para a frente e formar um partido baseado no tipo de ideias que sai durante aquelas conversas de se eu mandasse isto é que ia direito, tidas entre duas imperiais e um pratinho de tremoços, isso sim é sinal que a sociedade portuguesa está a amadurecer (e escrevo isto sem ironia). Liberdade significa dar voz até às mais ilógicas ideias.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Leituras (Versão Urbanista)

Weburbanist | Then and Now: Disturbing Documentary Photography Series Ontem e hoje: uma série de fotografias que revisita locais icónicos do Dia D.

io9 | The Otherworldly Architecture of François Schuiten O io9 visita as fantásticas arquitecturas do desenhador belga Schuiten, que há décadas nos encantam na série Cités Obscures escrita por Bernard Peeters.

Daily Mail | Revealed: The ghost fleet of the recession Para onde vão os navios que já não são precisos quando a crise económica se agudiza e o comércio mundial de bens diminui? Boa parte deles é estacionado frente à costa da Malásia, numa paisagem surreal de florestas tropicais e porta-contentores sem tripulantes.

io9 | 8 Of The Best Futuristic Burgs in Comics As oito melhores cidades futuristas do mundo dos comics, na perspectiva dos bloggers do io9.

Boing Boing | Surveillance video of insurgents in Afghanistan accidentally blowing themselves up while planting a bomb O título diz tudo. Quanto a comentários, cá vai a versão resumida: EPIC FAIL.

Gizmodo | How Would Dubai Look In the Future? O Dubai já nos habituou ao tecno-futurismo insano alimentado a petrodólares. Será que no futuro, com o petróleo esgotado, os desertos a avançar e o nível das águas a submergir as avenidas ladeadas de arranha-céus, o Dubai ainda conseguirá ser a epítome da modernidade? (Já Astana, no Cazaquistão, sofre exactamente do mesmo complexo do Dubai mas ninguém repara. É pena. Tanto arranha-céus do Norman Foster, do Jean Nouvel ou da SOM a ficarem esquecidos no meio das estepes.)

Wall Street Journal | A Talking Head Dreams of a Perfect City David Byrne interroga-se sobre a cidade perfeita, centrando-se sobre os espaços de fluxo que caracterizam as mais vibrantes urbes do planeta.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Magalhães

Tenho notado a ausência do Magalhães. Noto particularmente que o projecto foi lançado com grande fanfarra há cerca de um ano e que passados todos estes meses o seu resultado prático parece estar a dar em nada. Em parte, porque ainda estão a ser entregues aos alunos (e não faltam tão poucos quanto isso). Quanto ao seu uso na sala de aula, não se têm visto investimentos na ligação das salas das escolas do 1º ciclo com redes sem fios. A formação de professores na certificação de competências tic ficou em águas de bacalhau durante vários meses (mas talvez ainda bem, digo eu céptico como sou em relação ao conceito de formação de professores na área das tic). E neste arranque de ano lectivo começam as previsíveis histórias de máquinas com avarias, geralmente reparadas por terceiros uma vez que o apoio técnico da JPSáCouto roça o inexistente. Quanto ao seu uso pedagógico... é melhor nem ir por aí.

Ao fim de um ano diria que a virtude do projecto foi colocar um computador nas mãos das crianças portuguesas. Bem, quase colocar. Ainda faltam alguns por entregar. Tudo o resto parece ter falhado. O que não falhou foi o subsídio milionário a uma empresa, que montou um sistema de gestão de entregas e apoio técnico baseado no trabalho de funcionários públicos. E que, pequeno pormenor que descobri hoje, obriga o encarregado de educação a possuir telemóvel para poder proceder ao pagamento do computador. Todos os que forneceram número fixo ficaram em suspenso, obrigando novamente as escolas a um esforço para resolver a situação. Assim é fácil ter lucros...

domingo, 13 de setembro de 2009

Leituras

Associação Ensino Livre | Carta aberta aos professores sobre Software Livre É sempre bom divulgar que há alternativas ao que parece ser imutável. Basta que exerçamos capacidade de escolha em vez de aceitar apáticamente aquilo que nos é vendido como a melhor solução. Até porque como professores, temos a obrigação de levar os nossos alunos a pensar por eles em vez de aceitar cegamente imposições suaves vindas dos media e dos interesses económicos. Se não formos capazes de o fazer como o poderemos ensinar? Na verdade, por detrás do software livre estão questões mais fundamentais do que a preferência entre o Office ou o OpenOffice ou entre Windows (ou Mac) e Linux. Trata-se de exercer livremente o direito à escolha informada.

The New York Times | Poet of Desolate Landscapes A edição da obra completa de contos de J. G. Ballard motiva esta reflexão sobre um autor que atingiu um raro pináculo: gerar um adjectivo baseado no seu nome. Ballard foi um mestre do conto, com uma visão surreal e modernista que interpretou o isolamento humano mediado pela tecnologia e arquitectura da sociedade urbana contemporânea.


io9 | Tongue-Eating Parasites Attack Fish Near Normandy Horrificamente fantástico: um parasita que se aloja na língua dos peixes. Parece saído de um filme de terror particularmente imaginativo. Natureza, mais estranha do que a ficção...

Boing Boing | Lynchian version of "Can't Take My Eyes Off You" Parece criado de propósito. É um clip verdadeiramente estranho, e nem sei por onde começar: pelas bailarinas que dançam de bikini com ar de enterro? Com o ritmo lento e sonoridade distorcida da banda? Com o aspecto bizarro do cantor semi-marreco? Ou as cortinas vermelhas ao fundo?

BLDBLG | Maunsell Towers A fascinante arquitectura de antigos postos de defesa anti-aérea amarados na foz do rio Tamisa.

Flurb #8 O e-zine curado por Rudy Rucker está de regresso nesta oitava edição.

sábado, 12 de setembro de 2009

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Pausa no vrml.

Bater na madeira

Agora que se inicia o ano lectivo há um certo ar de pânico no ar sobre a potencial pandemia de gripe A. A preocupação é muita e faz-se sentir nos níveis pessoais e institucionais. Há uma preocupação clara dos ministérios da saúde e da educação, bem como das escolas, de criar condições para minimizar os possíveis impactos da pandemia. As escolas equipam-se com material de higiene e saúde e ultimam os planos de contingência (já agora, podem consultar aqui o Plano de Contingência da E.B. 2,3 da Venda do Pinheiro). Há um esforço intenso de preparação, formação e informação. Os planos de contingência englobam medidas de senso comum, administrativas e de segurança que permitirão, espera-se, gerir o pior de uma crise pandémica. Algumas das medidas parecem contra-senso, mas reflectem a necessidade de tentar prever o imprevisível.

Apesar disto, e não escrevo estas palavras para criar alarmismos, não deixo de ter uma certa sensação que estas medidas são um pouco como aquela velha superstição de bater na madeira para enxotar os demónios. Espero que funcionem.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Bolas,,,

A coisa chata de se ter um cargo de responsabilidade no ensino público é que as horas acumulam-se para lá do previsto e o ordenado continua o mesmo. A escola ainda nem começou e já estou a chegar às nove e a sair às sete... mas os sistemas informáticos estão a 95% para o novo ano lectivo (os 5% é um driver para um monitor touch que ficou para segunda).

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Giro giro...

... é ver contra-ataques nos novos media: aparentemente anda por aí nova petição que pretende um preço justo para a A21, um preço totalmente custeado pelo contribuinte. É guerra suja, e pouco inteligente. Apenas mostra que alguém que gosta de pagar aumentos de 300% (se calhar pagam-lhe despesas de deslocação, ou simplesmente gosta de atirar dinheiro para os bolsos dos outros) sabe criar um blog. Big deal. Ele e mais 99,9% da humanidade com acesso à internet.

Mas a proposta até que é interessante. A auto-estrata custeada totalmente pelos utilizadores? Até alinhava, se me devolvessem a percentagem de impostos e contribuição autárquica que foi utilizada no financiamento camarário da via. Com juros de mora, porque já passaram alguns anos.

Via A Sombra do Convento e Virtualmente Autêntico

Leituras

Gizmodo | Here is the first photo of the Internet A comemoração dos quarenta anos da internet já passou à uns dias mas não deixa de ser interessante ver uma imagem das notas de laboratório que documentam a primeira ligação entre computadores.

io9 | Take a Peek Inside Neil Gaiman's Library E isto, meus senhores, é uma biblioteca.

Bibliodissey | The Geometric Landscape Ilustração renascentista a aproximar-se da abstracção e do surrealismo nesta recolha bibliográfica de imagens sobre geometria.

Kurzweil AI | For Teens, Has Texting Replaced Talking? Choque do futuro: a cultura do instantâneo que energizada pelo telemóvel aboliu barreiras geográficas em direcção de sistemas de comunicação imersivos.

WebUrbanist | 12 Video Games That Help You Get A Life Jogar é uma perda de tempo, correcto? Bem, se levarmos em conta o desenvolvimento de capacidades neuromotoras, pensamento estratégico, resolução de problemas e simulação de ambientes, talvez esteja na hora de repensar a divisória estanque entre jogo e aprendizagem.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Bem me avisaram...

A assistência técnica da Sony avisou-me que hoje iria um estafeta da DHL a minha casa para recolher o meu fiel mas avariado computador. Chegou depois de almoço, para me entregar uma caixa vazia. Pedi-lhe que esperasse um minuto enquanto eu colocava o computador na caixa, mas fui avisado que tinham vindo apenas entregar a caixa. Então, mas não era para recolher o computador? Sim, mas o processo é primeiro entregar a caixa. Depois, o cliente tem de ligar para a DHL para marcar a recolha. E avisou-me logo que já não passaria pela Ericeira hoje, porque ia para os lados da Encarnação. Quanto a amanhã, talvez passasse à tarde. Seria mais simples entregar a caixa e recolher logo o computador, mas enfim...

Ligar para a DHL também foi interessante. Depois de escolher o operador humano naqueles irritantes sistemas de atendimento automático fiquei a saber que a DHL não fazia entregas em Mafra (mas acabaram de me entregar uma caixa, vazia), entregas directas, claro. Depois de umas linhas trocadas porque não consegui decifrar as crípticas etiquetas que vinham com a caixa marcaram-me a recolha para o fim da tarde de hoje. Não tive coragem de dizer à operadora que me atendeu que o homem que faz as entregas já me havia avisado dos horários reais de entrega e recolha de encomendas da DHL. Aqueles horários de quem realmente tem de levar as encomendas e andar por aí estrada fora.

Mas continuo na minha. Não era mais simples virem simplesmente buscar o computador? Complicações bizantinas. Giro giro é ficar a saber que uma empresa faz deslocações para entregar caixas vazias e depois as repete para as recolher. Isso é que é eficiência!

terça-feira, 8 de setembro de 2009

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De regresso com um computador mais arcaico enquanto o meu aguarda reparação da placa gráfica. Vá lá que ainda me lembro como se trabalha com o Windows XP.

Petição Portagens Justas

Encontri divulgado no blog de Nuno Ferro uma petição para portagens mais justas na A21. Já assinei. Porque esta história dos dois euros e dez ultrapassa as raias do absurdo.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

(a)PS



Acabei de ler a edição de setembro da revisa (a)PS dedicada ao 3D. Fiquei fascinado com a mestria e capacidade técnica dos artistas representados, a anos-luz do que consigo fazer. Exemplo e inspiração. Sublinha-se a dominância do 3DS, do ZBrush e do Photoshop. Algumas das imagens espantavam pelo extraordinário foto-realismo, indistinguível do real. Pessoalmente não sou grande fã do foto-realismo, penso que o computador é um medium artístico com linguagem própria, e imitar fielmente o real não lhe faz justiça. Mas não deixam de ser imagens espantosas, reveladoras da elevada técnica dos artistas que a criaram. Uma leitura que abriu novas ideias e horizontes.

Mas um reparo: falar de arte digital e restringir à edição em photoshop e ao 3D é uma visão que não representa o vasto campo da arte produzida recorrendo ao computador (vai uma dose de arte digital em html, por exemplo?).

domingo, 6 de setembro de 2009

Local

A Ericeira surgiu hoje nos noticiários por causa do estrondoso aumento das portagens na A21. Entrevistaram uns pobre portageiros, já fartos de responder às perguntas sobre a indefensável decisão da administração.

O surpreendente é esta decisão tomada pelo executivo camarário a semanas de uma eleição. Parece suicídio político, mas só sublinha o sentimento de impunidade e inevitabilidade do corrente executivo, que dá como adquirida a sua reeleição. Na verdade, que me lembre, andava no liceu quando o corrente presidente da câmara chegou ao poder. No liceu Pedro Nunes, não no de Mafra, mas já me encontrava ligado a este concelho.

É por estas que sou contra o entregar de responsabilidades da administração central para a administração local. O argumento a favor da transferência de competências é legítimo - as administrações locais conhecem o terreno e as necessidades das populações melhor do que departamentos estatais geograficamente afastados. Por outro lado, é essa proximidade que é a maior fraqueza do argumento, ao abrir a porta ao tráfico de influências e ao nepotismo de caciques locais. E a politica local portuguesa é notória pela eternização dos seus representantes, demasiadas vezes envolvidos impunemente em notórios casos de corrupção. Nestas condições, confiar é difícil.

sábado, 5 de setembro de 2009

Indecisões

O que sinto em relação às eleições que se aproximam é um sentimento de indecisão e falta de propostas claramente definidas. De um lado temos um governo socialista, nominalmente de esquerda, que se notabilizou pela forma como impôs políticas de direita. O seu grande adversário é um partido de direita que se propõe reverter as políticas governamentais, mas sem despertar grande confiança, porque o historial dos seus representantes aponta para políticas igualmente draconianas. Entre as alternativas temos: um partido de esquerda tradicional desfasado no tempo que mal disfarça a sua adaptação a uma sociedade pós-industrial; um partido de esquerda urbana idealista e por isso mesmo talvez pouco fiável em governação; e um partido de direita popularucha que se socorre da cultura de café e do resmungo tipo se eu mandasse é que isto se endireitava, exímio em prometer às cegas, a torto e a direito, entre beijinhos nas feiras e apelos a roçar a extrema direita.

O comum a todos é o namoro que andam a fazer à minha classe profissional. O que só aumenta a desconfiança.

Onde votar, então? Em mais do mesmo? Na velha guarda que se recusa a sair de cena? Nos representantes das utopias da era industrial? Nos bem pensantes mas inexperientes? Ou nos descaradamente desonestos, enriquecidos que fingem ouvir os mais desfavorecidos?

Restam sempre os pequenos partidos...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

:-(

Blog de férias? Não, computador a formatar. Por causa de um conflitozinho entre o controlador da placa gráfica e uma actualização do windows. Muito chato.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

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Psiu. Andei a fotografar casas. Devo estar a preparar um crime. Dedicado aos espíritos impressionáveis da polícia municipal de Lisboa.

Ei-lo!



I went to A21 and all i've got was this lousy ticket. Na gloriosa grandeza do seu valor de 2,10€.

(Tirada na área de serviço da BP, para que não fiquem a pensar que o meu carro se conduz sozinho.)

Dois e dez. Vezes dois? Passaram-se.

A grande novidade da manhã foi entrar na portagem da A21 e ser-me entregue um cartãozinho. A surpresa da manhã foi chegar à Venda do Pinheiro e descobrir o quando a portagem aumentou. De 0,60 euros para uns estonteantes 2,10.

Deixem-me saborear: 2,10. Nada mau para começar a manhã. A irem-me ao bolso.

É certo que o preço antigo não era para durar,e um aumento até seria legítimo. Mas tão grande? É totalmente irracional. Isto é puro highway robbery (trocadilho intencional).

Por mim, tanto pior. Regresso à estrada nacional para o trajecto diário casa-escola. É chato, mas quase cinco euros para portagens fica por semana mais do que gasto em gasóleo. A sensação que tenho é que isto é puro roubo. A uma destas responde-se com as leis do mercado. E certamente que em época de eleições esta fica como uma brilhante medida para cativar eleitores...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Leituras

Boing Boing | Happy 40th birthday, Internet A 2 de setembro de 1969 cientistas da UCLA conseguiram transferir dados entre computadores. Foi o germinar da internet.

Gizmodo | Reality-Augmenting Terminator Vision Contact Lenses Nearly Here (They're in This Bunny's Eye) Mais um sonho de ficção científica a aproximar-se da realidade: cientistas estão a desenvolver lentes de contacto capazes de gerar imagens virtuais que se sobrepõem à visão natural.



Boing Boing | Baby chicks ground up alive: animal rights video goes viral Sempre que a fé na humanidade começa a elevar-se aparecem coisas destas. Barbaridade à escala industrial.

io9 | Disney/Marvel: What Does Disney Actually Get? A notícia curiosa das finanças pop-culturais é a aquisição da Marvel Comics pela Disney. Curioso. E agora, o que se segue? O capitão américa a prender os irmãos metralha? O tio patinhas a financiar as armaduras do homem de ferro? O pato donald numa parceria com o homem-aranha? É que estas fusões abrem espaço a remisturas e novos usos de personagens. A DC está a fazer isso, agora, ao recuperar antigos personagens da Timely Comics dos anos 40.

Peopleware | Google Chrome é o browser padrão nos novos Vaio Mais uma boa razão para gostar dos vaio: integração do Chrome nos pcs em OEM.

io9 | Happy Birthday to Science Fiction's Oldest Film Outro aniversário: o do primeiro filme de ficção científica, a Viagem à Lua de Meliés.

Gizmodo | Japan to Spend $21,000,000,000 on a Power Plant in F%#king Space E mais um sonho FC a concretizar-se: o Japão prepara-se para investir num projecto de produção de energia no espaço, envolvendo paineis solares em órbita. Aponta-se um prazo de quatro anos para colocar o sistema em funcionamento.

io9 | Great Masterpieces of Anti-Television Storytelling O io9 recorda filmes que nos recordam que sim, a televisão derrete o cérebro.

Gizmodo | How Many Nukes Will It Really Take to Instantly Annihilate Humanity? Como criança nascida nos bons velhos tempos da destruição mutuamente assegurada, sempre pensei que bastavam umas dezenas de mísseis nucleares para acabarem de vez com a humanidade. Mas para fazer a coisa bem feita, aniquilando a humanidade de uma só assentada, é preciso um número maior de bombas. Dá ideias para histórias sobre suicídio à escala global.

Art Fag City | IMG MGMT: TOMORROW’S FORECAST: STRIKINGLY CLEAR. Uma curiosa análise das icónicas imagem de núvens e seu aproveitamento publicitário por indústrias militares.

Boing Boing | Depression as a pro-survival adaptation that solves hard problems A depressão fará bem à saúde? A questão é saber se a depressão pode funcionar como uma forma do cérebro processar profundamente informação.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Zelo

Saí de Lisboa com uma boa história para contar sobre polícias municipais e fotografias. Numa praceta para os lados da avenida de roma, onde fui passear em recordação dos meus tempos de infância, fui questionado por um agente da polícia sobre o porquê de estar a fotografar as casas da praceta. Não estava com vontade de perder tempo, de maneira que optei por responder e não dar uma lição sobre liberdade de expressão, porque, enfim, desde quando é que tirar uma fotografia é automaticamente acto suspeito?

De Londres vêm histórias piores de meros turistas a passar chatices com agentes da polícia porque fotografaram zonas consideradas sensíveis. Com um conceito de zona sensível muito lato, difuso e secreto.

Foi a primeira vez que me questionaram por algo que sempre fiz e tenciono continuar a fazer. Não gostei. Não sei se foi excesso de zelo ou ordem explícita - no local funciona agora a assembleia municipal num antigo cinema, o que explica tanta solicitude.

E sempre é a polícia municipal de Lisboa, exímia a manipular bloqueadores e que francamente não sei para que serve numa cidade já servida pela PSP. Mas também nunca vi um agente da PSP a colocar bloqueadores nas rodas de automóveis.